Com a presente edição, O REGIONAL inicia o 103º ano da sua publicação.
A cada ano que passa, a expressão “Bem bonito rol!”, utilizada recorrentemente pelo saudoso diretor Manuel Pereira da Costa nos editoriais de aniversário deste semanário, faz cada vez mais sentido. Não só por ser um dos poucos jornais centenários publicados em língua portuguesa, mas, sobretudo, pelas vicissitudes que teve de ultrapassar ao longo da sua existência. Foi assim no passado e continua a ser assim no presente.
A imprensa escrita, em geral, e a imprensa escrita regional, em particular, vive momentos de incerteza. A globalização da informação, com uma diversidade de suportes de divulgação de notícias cada vez maior é, porventura, a maior das ameaças que pairam sobre ela. A concorrência dos meios digitais resulta numa preocupante diminuição da publicidade nos periódicos, o seu principal suporte financeiro.
Por outro lado, a recente aprovação pelo Governo de alguns apoios aos órgãos de comunicação social, designadamente o aumento da comparticipação do porte pago e da obrigatoriedade das empresas e autarquias publicitarem os apoios que recebem do Estado e da Comunidade Europeia, revelam-se manifestamente insuficientes para garantir a estabilidade de que os jornais locais necessitam.
A imprensa local é um meio privilegiado de informação e comunicação com os cidadãos, mas é um serviço público que não é reconhecido nem valorizado. Desde logo, pelas autarquias que não veem os jornais como parceiros na construção do desenvolvimento local, confundindo, frequentemente, a divulgação de informação útil para os munícipes, com autopropaganda. Não é reconhecido pelo Estado, que não tem uma política suficientemente forte, para evitar que esse serviço público tão importante deixe de existir.
É neste contexto desfavorável, agravado por uma conjuntura internacional marcada por guerras incompreensíveis, crises económicas, políticas e sociais, por comportamentos irracionais que nos estão a conduzir para o abismo, que O REGIONAL inicia mais um ano de publicação, mantendo-se fiel aos princípios definidos no Estatuto Editorial do jornal.
TUDO POR S. JOÃO DA MADEIRA!
Manuel Ferreira da Rocha
Daniel Regalado Neto