Organizado pela Associação Nacional de Imprensa Regional (ANIR), o encontro reuniu vários representantes do setor da comunicação social, autoridades governamentais e especialistas, para debaterem a revitalização e sustentabilidade da imprensa.
Durante dois dias, no Centro Juventude de Braga debateu-se o futuro da Imprensa Regional, reunindo cerca de duzentos representantes do setor da comunicação social, autoridades governamentais e especialistas para discutirem a revitalização e sustentabilidade da imprensa de proximidade, tanto impressa como digital.
O programa contou com várias intervenções e painéis de discussão, onde foram abordadas questões cruciais para o futuro da comunicação social local. A sessão de abertura contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, e de Eduardo Costa, presidente da ANIR.
“A contribuição para a construção do Portugal democrático” e “A revitalização e sustentabilidade” foram dois dos principais assuntos em debate durante o fim de semana.
Entre as várias intervenções, Jorge Pinto, do Livre, defendeu que os órgãos de comunicação locais e regionais “são, muitas vezes, a primeira porta aberta para os jovens conseguirem expressar as suas opiniões, em relação ao que conhecem melhor: os assuntos das suas cidades, dos seus quotidianos”.
Defendeu também a preservação do arquivo histórico dos órgãos de comunicação locais e regionais para a memória coletiva. “Isto implica custos, a nível de recursos humanos e financeiros, e o Estado tem que apoiar os órgãos de comunicação nesta tarefa. Se é verdade que o digital nos permite ir até ao fim do mundo, o papel é aquilo que nos vai fazer ir ao fim da rua”.
Por seu turno, Pedro Sousa, do PS, defendeu que a imprensa local e regional “vive um tempo muito simétrico entre as suas dificuldades e a sua importância. Os constrangimentos aumentam, mas a sua importância também. Vivemos na altura da Inteligência Artificial, da manipulação de informação, das fake news, e um trabalho por parte de profissionais que conhecem as pessoas, o terreno e os acontecimentos faz falta”, enfatizou.
Inês Sousa Real, do PAN, enfatizou que é fundamental “não perder o património que os órgãos locais e regionais representam”. Acrescentou que, perante um cenário global de desinformação e fake news, é “fundamental reconhecer e apoiar estes órgãos de comunicação”, e defendeu que, “em nome da história do Portugal democrático era fundamental salvaguardar os arquivos e património históricos dos órgãos de comunicação social locais e regionais”, defendendo que na próxima legislatura a aprovação de um financiamento para o efeito.
Do lado do PSD, Ricardo Araújo defendeu que os órgãos de comunicação locais e regionais desempenham um papel “importantíssimo para a coesão territorial e são fundamentais para o desenvolvimento das localidades”. Lembrou ainda que a importância do setor da Comunicação Social “reflete-se na sua dignidade constitucional. Está prevista a necessidade de garantir o direito à informação e à pluralidade da informação. Em tempos de grande incerteza, em que muitos valores e princípios vão sendo colocados em causa, é fundamental ter isto em conta”.
A finalizar, Ricardo Araújo lembrou o plano de ação para a comunicação social, apresentado “há três meses pelo Governo”, as medidas consideradas necessárias para o sector, promovendo a sua sustentabilidade, nomeadamente através da duplicação do valor do incentivo à leitura e pela aprovação da obrigatoriedade das autarquias divulgarem as suas resoluções nos jornais locais, assim como as entidades ou empresas comtempladas com verbas do PRR, para o quadro comunitário 2030.
Luís Marques Mendes, candidato à Presidência da República, agradeceu o convite da associação e garantiu que a imprensa regional “é diferente, não é melhor ou pior que outras, e a democracia deve apoiar o direito à diferença. A imprensa local chega onde os outros não chegam e trata os temas que os outros não tratam: a cultura de proximidade tem uma importância brutal. A imprensa regional é diferente na forma de estar e de ser. Tudo o que tem a ver com temas mais próximos exige um trabalho diferente: a tal ‘carolice’”, defendeu.
Lembrou ainda que “qualquer português no estrangeiro dá uma atenção enorme ao momento em que recebe o jornal da sua terra, porque, para cada português lá fora, seja onde for, abrir um jornal local é uma oportunidade de viver os episódios da sua terra e da sua comunidade.”
Durante o encontro foram ainda reconhecidos, com a oferta de um quadro a vários jornais que, “ontem, hoje e amanhã”, que ao longo dos anos contribuíram para a construção do “Portugal democrático”, entregue pela comissária executiva para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. O Regional foi um dos semanários reconhecidos.