Opinião

O Aeroporto não acta nem desacta

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É preocupante que o tema Aeroporto continue nebuloso e lamentável que o interesse nacional esteja refém de interesses privados.

Em Junho, tivemos um episódio «infeliz» de António Costa a desautorizar um ministro. As tricas governamentais não me mobilizam, mas fico espantado com a confusão e admirado que o governo anterior do PS, dependente de acordos à esquerda, parecer ser mais consistente que o actual.
É preocupante que o tema Aeroporto continue nebuloso e lamentável que o interesse nacional esteja refém de interesses privados. Está mais que demonstrado que o Montijo não é boa solução, pela ecologia, pelos problemas de segurança e pela limitação de crescimento futuro. Alcochete/Benavente é a solução recomendada por aqueles que mais sabem da matéria, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Pilotos, Ordem dos Engenheiros, etc. É estranhíssimo que seja anunciado, através de um despacho do ministério de Pedro Nunes Santos, a decisão construir dois aeroportos, na vez de um. Por este meio é dito que o Governo decidiu começar por acelerar o aeroporto do Montijo, para responder ao aumento de procura do Humberto Delgado, como solução provisória até 2035.
Construir um novo aeroporto no Montijo, como solução provisória, parece-nos errado. Então e o Aeroporto de Beja? Já está construído!
Este aeroporto tem excelente pista principal e o Estado, no Governo de José Sócrates, gastou milhões de euros para o tornar apto para a actividade aeroportuária, mas, apesar do dinheiro gasto, está quase parado. Porque não se potência este activo que se pode relacionar com o aeroporto de Lisboa, com o aeroporto de Faro (também sobrecarregado) e com o porto de Sines?
Esta infra-estrutura alentejana tem condições excelentes para receber aviões de grande dimensão, inclusive de mercadorias, capacidade de escoar muito tráfego e pode promover o crescimento do Alentejo, sobretudo no plano turístico. Não tem condicionantes ambientais e tem excelentes condições de segurança. Este aeroporto não pode ficar de fora da equação que modela a solução das necessidades aeroportuárias do País. Com material circulante adequado e com a conclusão das vias inscritas no Plano Rodoviário Nacional será possível criar ligações rápidas e eficazes a Lisboa e ao Algarve.
Quanto ao futuro aeroporto de Lisboa, depois da Ota, do «jamais» de Mário Lino e do despacho de revogação do António Costa, é importante que se desenvencilhem dos «empatas» e que se concentrem na construção faseada em Alcochete/Benavente.
Por outro lado, o investimento de milhões de euros no Montijo, para utilização provisória, como quer o Governo, é uma decisão inadequada que só serve para continuar a adiar a construção do novo aeroporto.
Da minha parte, conto com Pedro Nuno Santos, a quem gostei de ouvir dizer que não é «fragilizável». Espero que seja capaz de impedir a alegada pressão da multinacional Vinci.
Oxalá!

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