47 anos depois da revolução, “O Regional” saiu à rua, tal como o povo o fez em 1974. O objetivo era saber a opinião dos sanjoanenses sobre o tema. Foi feita uma abordagem a várias pessoas, verificando-se que nem todas têm conhecimento da Revolução.
António Pinho foi um dos poucos cidadãos, com idade superior a 47 anos, que aceitou de imediato responder às perguntas de ´O Regional”. No momento em que lhe foi dirigida a primeira pergunta, começou logo por gracejar: “Veja bem que se não tivesse existido o 25 de abril, o senhor não poderia estar a fazer isto no meio da rua”.
Foi junto ao grande mural, com a figura de Salgueiro Maia e o seu olhar icónico, pintado sobre a fachada de um dos prédios da Praça do Poder Local, em S. João da Madeira, e uma chaimite instalada sobre o jardim, que este sanjoanense recordou a madrugada desse dia em que militares do MFA (Movimento das Forças Armadas) ocuparam os estúdios do Rádio Clube Português e, através da rádio, explicaram à população que pretendiam que o país fosse uma democracia, com eleições livres e liberdades de toda a ordem. Inclusive, foram postas no ar músicas de que a ditadura não gostava, como Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso. “Todos perceberam que a Revolução seria necessária. As pessoas uniram-se, criaram laços de amizade”.
Com 70 anos, não esconde a felicidade com “a oportunidade que as pessoas têm, hoje, de gozar a liberdade de forma tranquila e sem medos”. E salienta que, finalmente, passou a existir “tolerância e compreensão entre todos os portugueses”.
Já no que toca à intervenção das gentes de S. João da Madeira na Revolução, o senhor Pinho não se lembra de ter assistido a muita agitação pela cidade. Contudo, confessa que “algumas pessoas tentaram tudo para que as coisas mudassem, mas nem por isso a Revolução ganhou significado para outras pessoas”, rematou.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3840 de O Regional, publicada em 22 de abril de 2021.