“Nós necessitamos destes convívios porque há pessoas que não saem de casa”

Amarante foi o destino escolhido para levar cerca de mil pessoas, com mais de 65 anos, para o tradicional Passeio Anual Sénior que, mais uma vez, está a ser repartido por três dias levando cerca de 320 pessoas por deslocação. “Não tenho nada a apontar. O passeio está bestial. O destino e o restaurante são maravilhosos". A garantia é de Lúcia Brandão Ferreira, 70 anos, que prefere os passeios “repartidos” do que num único dia como já se realizaram. “É muita gente num dia só. Assim, tudo é mais calmo, convivemos melhor, apreciamos melhor a cidade que visitamos, não há tempo de espera em lado nenhum. É maravilhoso”. Lúcia confessa que este encontro é por si, todos os anos, “sempre muito aguardado”, porque lhe permite “sair de casa, conviver com pessoas da cidade” e passar um dia “de alegria e diferente”. A mesma opinião é partilhada por Júlio Pinho Garcia, de 65 anos. “Estes encontros com pessoas de S. João da Madeira são importantíssimos porque não parece, mas somos uma cidade com pessoas com mais idade. Nós necessitamos destes convívios, porque há pessoas que não saem de casa”. Relativamente ao destino escolhido pela organização, revela que já conhecia, mas vem “pelo convívio” e com a necessidade que sente de “sair de casa”. Entre todos os convívios que participou, houve um que lhe ficou na memória. A ida ao Oceanário em Lisboa. “Foi maravilhoso, e não me importava nada de lá voltar” ou de conhecer outras cidades portuguesas. “Entendo que não seja fácil, principalmente nesta modalidade, em que os passeios são repartidos”.
A primeira visita a Amarante realizou-se na última segunda-feira, dia 25, seguiu-se ontem, dia 27, e os últimos sanjoanenses vão conhecer as margens do Rio Tâmega, amanhã, sexta feira, dia 29.
A Junta de Freguesia de S. João da Madeira, com o apoio da Câmara Municipal, continua a dar seguimento a uma iniciativa realizada há já vários anos e que visa proporcionar vivências diferentes através de passeios/convívios, transformando-os em dias diferentes e, mais do que isso, oferecer alegria e bem-estar aos seniores da cidade. Segundo Rodolfo Andrade, Presidente da Junta de Freguesia, em declarações a ´O Regional’, o encontro tem um custo de aproximadamente 30 mil euros, comparticipado em 14 mil euros pela autarquia, e o restante assegurado pela junta. O autarca reforça que, à semelhança do ano passado, a autarquia decidiu manter esta divisão, que iniciou devido à pandemia da Covid-19, evitando, assim, “aglomeração de tantos idosos num só dia”.  Explica também, “não ser fácil encontrar um espaço” que possa acolher cerca de 850 pessoas (participantes em 2022) e que “seja novidade para os sanjoanenses. Desta forma, é possível descobrir outros recantos dos país, viagens mais curtas e menos cansativas, e chegamos à conclusão que os passeios tornaram-se mais interessantes”.
Por seu turno, Jorge Vultos Sequeira, Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, garante a ´O Regional que esta iniciativa “coloca as pessoas em contacto, combate o isolamento e promove o acesso ao património cultural e histórico do nosso país”. Defende que “é dever das entidades publicas assegurar a igualdade entre todos os cidadão, no acesso e fruição do lazer e da cultura”, e o autarca destacou ainda a “excelência da organização”.
A primeira paragem deste encontro tem este ano como cenário as margens do Rio Tâmega e a ponte de São Gonçalo, como uma das principais atrações. E a pequena cidade destaca-se ainda pela sua história, natureza e gastronomia. O tradicional almoço realizar-se-á num espaço criado no século XVIII, tendo a sua casa senhorial sido totalmente restaurada, nos finais do século XX, em Oliveira do Douro, Vila Nova de Gaia.
A iniciativa é dirigida, e gratuita, para os residentes em S. João da Madeira, com mais de 65 anos ou que façam 65 anos até 31 de dezembro deste ano.  De salientar que este encontro anual é, para muitos sanjoanenses, um dos dias mais aguardados, pois, em muitos casos, poderá ser, provavelmente, uma das poucas oportunidades, ou mesmo a única, de convívio.