Sociedade

A Casa da Árvore

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Juntos aprendemos, reconstruimos, descobrimos, imaginamos, manipulamos, despertamos e empreendemos! E o lema do trabalho no JI de Stº. António – Escapães. A educadora Maria João Silva fala dr um projeto em particular.

Tudo tem um princípio…
Como surgiu a ideia deste projeto?
Em conversa com as crianças, exploramos várias formas de brincar e, nesse seguimento, foi lançado um repto para casa: como brincavam os pais, os avós?
Na apresentação das formas de brincar das famílias, uma criança mencionou que o avô brincava na casa da árvore. Curiosas, as crianças quiseram logo saber o que era uma casa da árvore. Foi aqui que tudo começou: através do desenho, elas imaginaram a sua casa da árvore, um avô elaborou uma maquete e um grupo de pais construiu a casa em madeira, numa árvore do espaço exterior do JI.

Este projeto não ficou por aqui e tem na sua base um conceito empreendedor, certo?
Sim. O projeto é dinâmico, está sempre em movimento, desenvolvendo-se com uma lógica sequencial de empreendedorismo.
Aliás, é este o princípio norteador do nosso JI, o nosso conceito pedagógico.
Por isso, não é só um projeto, mas também um caminho, uma filosofia.

A casa da árvore apresenta-se então como uma empresa…
Exato! Após a construção da casa, passou-se à produção de brinquedos em madeira (recuperação de brinquedos antigos), com formação prévia dada por um avô artesão. Alguns dos brinquedos elaborados estão na casa da árvore para as crianças brincarem e outros foram vendidos para angariar fundos para atividades do JI. E, como qualquer empresa, foi definido um organograma, em que as crianças assumem funções específicas: Diretor Executivo, Diretor Financeiro, Chefe de Produção, entre muitas outras!

A Casa da Árvore continuou em movimento e agora, além de um local onde as crianças produzem, brincam, contam histórias, é também albergue de peregrinos, nos Caminhos de Santiago. Como surgiu a ideia?
Em vários momentos, enquanto as crianças brincavam na Casa da Árvore, passavam peregrinos que as cumprimentavam nas suas línguas (a árvore onde se encontra a casa localiza-se perto da rua). Um dia, um peregrino tocou à campainha do JI…. Pesquisamos, informamo-nos e descobrimos que o nosso JI está localizado num dos caminhos para Santiago de Compostela. Concorremos ao “Empreender felicidade no nosso concelho” com o projeto e a Câmara Municipal de Stª Mª da Feira tornou-a num posto oficial de apoio aos peregrinos de Santiago, tendo sido atribuído um carimbo e identificado o espaço com o símbolo europeu do Caminho de Santiago.
Concorremos ao “Empreender felicidade no nosso concelho” com o projeto e a Câmara Municipal de Stª Mª da Feira tornou-a num posto oficial de apoio aos peregrinos de Santiago, tendo sido atribuído um carimbo e identificado o espaço com o símbolo europeu do Caminho de Santiago.

Com o que podem contar os peregrinos neste albergue?
As crianças, de acordo com as suas funções, recebem os peregrinos, oferecem água, café e, sempre que necessário, são prestados primeiros socorros. Estabelecem-se diálogos entre as crianças e os peregrinos, que permitem partilhar, de parte a parte, canções, saberes, experiências… Quando partem, os peregrinos deixam as suas mensagens no nosso livro de honra e avaliam o acolhimento prestado. Além disso, é-lhes dado um folheto do projeto, colocamos o carimbo na caderneta de peregrino e o selo elaborado pelas crianças.

Que avaliação faz deste projeto?
Para as crianças, tem sido extremamente enriquecedor. Por exemplo, moedas, notas, desenhos e outros objetos deixados pelos peregrinos assim como as suas partilhas, as suas mensagens no livro de honra, tudo é ponto de partida para exploração do conhecimento do mundo, para novas aprendizagens. Além disso, tem aberto os horizontes multiculturais das crianças, tem promovido o respeito pela diferença e aceitação.

E os peregrinos, como avaliam esta experiência?
Consideram o “albergue” agradável, um espaço de paz, de intercâmbio social e cultural, onde proliferam valores e saberes, uma excelente ideia, a receção simpática, o serviço prestado eficiente…, manifestando elevada alegria ao encontrar as crianças.
Um projeto que cumpre sem dúvida o lema das crianças deste JI. “Aqui somos felizes… Tudo pela nossa felicidade!”

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3833 de O Re­gi­onal, pu­bli­cada em 4 de março de 2021.

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