Tanto quanto me foi dado aperceber, neste momento, no Plano Ferroviário a implementar nos próximos anos, não está prevista qualquer alteração de traçado nos troços mais críticos, (curvas com raio inferior a 100 metros).
No passado sábado, dia 4 de fevereiro, nos Paços da Cultura, tive a oportunidade de assistir a uma Conferência / Debate sobre o que o Plano Ferroviário para a linha do Vale do Vouga, prevê para o troço entre Oliveira de Azeméis e Espinho.
As opiniões dos técnicos, muito conhecedores de toda a problemática, apontaram para diversas possibilidades. Numa primeira hipótese previa-se manter o atual traçado e distância entre carris, eletrificar a linha e substituir as travessas e os carris danificados. Outra possibilidade seria fazer, além das melhorias previstas na hipótese anterior, retificar o traçado, manter a via estreita com transbordo obrigatório em Espinho e uma demora de cerca de 65 minutos até ao Porto. A terceira alternativa seria proceder á correção do traçado e passar para à bitola ibérica, o que permitiria chegar ao Porto sem transbordos e em 40 minutos. Outras alternativas intermédias foram também apresentadas, mas sem grandes diferenças sobre as três atrás mencionadas.
Tanto quanto me foi dado aperceber, neste momento, no Plano Ferroviário a implementar nos próximos anos, não está prevista qualquer alteração de traçado nos troços mais críticos, (curvas com raio inferior a 100 metros).
Portanto, o que está previsto vai manter a necessidade de transbordo em Espinho e uma demora muito superior a uma hora para chegar ao Porto. Esta solução em nada serve a população.
Das várias alternativas apresentadas não me ficaram dúvidas de que a solução que melhor serve a nossa terra e os concelhos das Terras de Santa Maria, será a que prevê uma linha eletrificada, de bitola ibérica, que permita entrar na linha do Norte sem necessidade de transbordo, e possibilite ir até às Devesas (Gaia), ou a Campanhã, em cerca de 30 a 40 minutos.
Durante o debate assisti a opiniões diversas, quase todas convergentes com a solução que acabei de defender, mas houve duas intervenções, que me prenderam a atenção, e me deixaram alguma apreensão. Uma foi de Leonardo Martins, presidente do núcleo local do Partido Socialista que, quando falou, disse sempre nós, e, portanto, fiquei convencido que estava a emitir a opinião generalizada deste partido. Este interveniente foi categórico contra a mudança para a bitola ibérica e disse que o transbordo em Espinho não podia ser considerado um incómodo!
Fez-me lembrar um outro dirigente socialista local que, em tempos, veio dizer que para os sanjoanenses era indiferente ir à urgência do Hospital em S. João da Madeira, ou na Feira!
Outra intervenção, que igualmente me prendeu a atenção, foi a do Eng.º José Nuno Vieira, vice-presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira que, embora levantando muitas dúvidas sobre a terceira solução, e sem ser explícito sobre para qual das propostas se inclinava, foi categórico ao afirmar que defendia uma solução que permitisse chegar ao Porto numa viagem confortável e em tempo razoável.
Analisando esta resposta fiquei um pouco mais descansado, porque para cumprir aqueles objetivos só existe a solução da linha de bitola ibérica, que permite ir sem transbordo e direto ao Porto, em tempo razoável.
Leonardo Martins, com as posições que defendeu, não me pareceu que pudesse estar em sintonia com o elenco da Câmara Municipal.
Quero aqui recordar que em 2013 o Partido Socialista, com uma teimosia extrema, e com a única vontade de ser uma oposição derrotista, conseguiu impedir a construção das novas piscinas cobertas, que eram um projeto de excelência concebido pelo reputado arquiteto Souto Moura. Na altura, havia uma comparticipação do Estado de três milhões de euros e a obra teria um custo total de cerca de seis milhões de euros. Na assembleia Municipal o Partido Socialista votou contra, inviabilizando a construção, perderam-se os três milhões da comparticipação e a piscina, que tanta falta continua a fazer.
Mais tarde, os atuais autarcas socialistas vieram dizer que não concordavam com a posição então tomada pelo seu partido e que tudo fariam para que as piscinas fossem construídas. Já se passaram seis anos, e de piscinas, nada!
Os sanjoanenses sempre tomaram decisões a pensar em grande e no futuro. Veja-se o estádio Conde Dias Garcia, o pavilhão dos desportos, o hospital e o cinema Imperador. Foram obras concebidas e executadas há 50 e 60 anos e eram motivo de orgulho dos sanjoanenses e admiração dos nossos vizinhos.
Mais tarde, nos anos setenta do século passado, foram os Paços do Concelho, o Tribunal e as avenidas Dr. Renato Araújo e da Liberdade, que já tem mais de 40 anos e ainda hoje não desmerecem.
Mais recentemente, no início do século XXI, continuamos a pensar em grande ao criarmos os museus da chapelaria e do calçado, a Sanjotec, a Casa da Criatividade e o parque do rio Ul.
Sempre optamos pela qualidade e abdicamos da mediocridade.
Está a decorrer a discussão do Plano Ferroviário. É o momento próprio para nos manifestarmos e escolher o que é melhor para S. João da Madeira.
A decisão é política. Portanto os autarcas da região têm de saber escolher o que é melhor para as populações e defendê-lo com toda a convicção.
Podem-nos dizer que a opção da bitola ibérica é a mais cara, e é verdade, cerca de 45 milhões de euros, mas isso não representa nada quando comparado com o custo das novas linhas de metro que se estão a fazer em lisboa e, após a derrapagem, vão absorver ao orçamento nacional mais de oitocentos milhões de euros!
Será que agora vamos aceitar soluções que não nos servem, só para sermos simpáticos a indivíduos que vivem em Lisboa e só têm olhos para a capital ?