Opinião

Relato radiofónico...

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É curioso que o gosto pela rádio manteve-se toda a vida. Na guerra, em Angola, foi uma companhia imprescindível

Dia 13 de fevereiro... Logo pela manhã, ouvia eu as notícias, quando fizeram referência ao dia mundial da rádio, que se celebra todos os anos neste dia. Esta notícia ficou-me gravada algures no cérebro!
Nesse mesmo dia, aconteceu encontrar-me com um amigo e no meio da conversa perguntei-lhe se ele ia ver o nosso clube na televisão. Respondeu-me que não tinha o canal onde iria passar o respetivo jogo, mas com toda a alegria rematou: “ Vou ouvir o relato!”. Despedi-me desejando que o jogo corresse de feição às nossas cores e que a sua saúde e da esposa se mantivesse em estado positivo. Mas o que me ficou a pairar na cabeça foi o relato! E logo, no resto do meu passeio comecei a fazer uma viagem pelo passado... Fui até aos longínquos anos cinquenta, quando o meu pai construiu um rádio galena! E comecei a ouvir a música que aquele aparelho debitava para os nossos ouvidos. Mais ou menos por esse tempo foi adquirido lá para casa um rádio onde podíamos procurar algumas estações. Nesse rádio começamos a ouvir os primeiros relatos dos jogos de futebol da Académica que eram transmitidos pela Emissora Nacional. Para além destes relatos, também ouvíamos os relatos dos campeonatos Europeus e Mundiais de hóquei em patins. Estes relatos eram tão reais que nos dias seguintes fazíamos balizas com duas pedras, ou mesmo com os sacos da escola, e com uma bola de trapos imitávamos os verdadeiros jogadores de futebol. Mas o hóquei também não escapava a uma imitação nossa. Os sticks eram feitos com os troços de couves, só não tínhamos patins... Até o ciclismo era por nós sonhado! As bicicletas eram as caricas das garrafas das cervejas. Criatividade não nos faltava!!!


É curioso que o gosto pela rádio manteve-se toda a vida. Na guerra, em Angola, foi uma companhia imprescindível, não só com os relatos, mas também com as notícias, mesmo por vezes sendo falsas. Mas, essencialmente com a música! Nos dias de hoje, quando entro no carro a minha companhia radiofónica é a Smooth, experimentem!
Há uns anos atrás consegui ter a minha experiência na rádio com um programa “Club Estamos Juntos”. Neste programa o jazz, e não só, era uma realidade! Passava todos os domingos na Rádio Serra Mar... uma rádio sanjoanense feita por pessoas criativas e com uma vontade enorme de remar contra a maré. Foi também na Rádio Serra Mar que pude constatar a força que a rádio tinha junto das pessoas ao fazer um direto de um jogo de basquetebol entre a A.D.S. e o Benfica realizado no nosso pavilhão dos desportos. Coloquei tanta alma a comentar o jogo e os feitos de alguns atletas que consegui que um amigo viesse ao pavilhão perguntar-me “quem era um tal de Lisboa?” Para os que não sabem, é só um dos melhores jogadores portugueses de basquetebol de sempre. Enfim, a rádio faz parte das nossas vidas. Todos nos lembramos da “Guerra dos Mundos”, de Orson Wells e da sua famosa emissão radiofónica nos Estados Unidos, atualmente sempre que posso ainda ouço o programa “Cinco minutos de jazz” do José Duarte, o “Oceano Pacífico” e o meu preferido “Costa a Costa”. Este é o meu singelo tributo à rádio. Nunca conseguirei igualar o tanto que a rádio contribuiu para o meu crescimento.
Nas músicas, um bem haja e este grande senhor do jazz em Portugal, José Duarte com “Cinco minutos de jazz”.
Nos livros, “A América”, de Frank Kafka.
Na falta de melhor a rádio será sempre uma óptima companhia.

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