Opinião

Que futuro para a Linha do Vouga?

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O Plano Ferroviário agora apresentado não vai ao encontro das expectativas das populações.

Está em discussão pública o projeto de Plano Ferroviário Nacional, onde, entre vários projetos de investimento, consta a Linha do Vouga. Através deste documento, apresentado pelo governo, ficamos a saber que a ligação que permitiria que os sanjoanenses pudessem entrar num comboio em S. João da Madeira e seguir até ao Porto, sem ter de mudar de composição, continua a ser uma miragem, por imposição da não alteração da sua atual bitola (distância entre carris). Esta imposição faz com que os comboios que circulam na Linha do Vouga não possam circular nas outras linhas, impedindo, por isso, que este chegue até ao Porto sem a mudança de linha em Espinho, um transtorno para os passageiros que torna a linha sem interesse para quem se desloca ao Porto. A alternativa que tem sido utilizada passa pelo transporte rodoviário, quer público, quer privado, aumentando dessa forma a pegada de carbono através dos gases poluentes que são emitidos pelos veículos. Numa altura em que as questões ambientais assumem cada vez mais importância, a criação de uma alternativa sustentável para as deslocações diárias ao Porto de quem mora em Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira ou Santa Maria da Feira não foi assumida pelos responsáveis governamentais socialistas.
S. João da Madeira pertence à Área Metropolitana do Porto e é nesta cidade que muitos sanjoanenses trabalham, estudam e usufruem dos seus tempos livres. É de todo pertinente que o sistema de transportes públicos contribua para a integração plena da região do Entre Douro e Vouga na área metropolitana, mas, mais uma vez, a falta de visão estratégica dos governantes não vai ao encontro desta realidade. Na verdade, apesar do Plano Ferroviário prever a eletrificação da linha, a manutenção da bitola da via não vai permitir que as composições que atualmente circulam possam entrar na Linha do Norte. Com pequenas alterações no traçado da linha, a alteração para a bitola ibérica permitiria que os comboios entrassem na Linha do Norte um pouco antes de Espinho e seguissem diretamente para o Porto; nestas circunstâncias, os 33 km que separam Oliveira de Azeméis de Espinho seriam percorridos em 35 minutos, ficando muito mais acessível o acesso às estações do Porto e, a partir destas, o acesso aos municípios do norte da área metropolitana, com claras vantagens económicas e sociais para as suas populações.
O Plano Ferroviário agora apresentado não vai ao encontro das expectativas das populações. É um plano retrógrado, sem visão de futuro e que condena, à partida, a continuidade da Linha do Vouga, penalizando a grande dinâmica da região onde nos inserimos. A eletrificação da linha é um passo em frente, mas um passo muito pequeno face à ambição que caracteriza os sanjoanenses.
O futuro de uma infraestrutura essencial para o desenvolvimento da nossa cidade e da região pesa, de novo, sobre os ombros dos autarcas do Partido Socialista. No passado, um equipamento básico e essencial para os Sanjoanenses - as piscinas municipais - não foi executado dada a inércia, a falta de ambição e a falta de visão estratégica dos autarcas socialistas de então. A discussão sobre a Linha do Vouga está, mais uma vez, em cima da mesa. Apesar de muito já se ter falado sobre este assunto, pouco se sabe sobre a posição que defendem os responsáveis autárquicos do Partido Socialista de S. João da Madeira. Está na hora de tornarem pública a sua posição, é imperativo que o façam agora, no momento em que o projeto está em discussão pública, um projeto que fica fechado até 2050.

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