No dia em que a Revolução de Abril fez 49 anos, na Assembleia da República, na recepção ao Presidente do Brasil, Lula da Silva, verificou-se um incidente inédito de desrespeito institucional, de má educação, de ofensa à democracia e de insulto a um país amigo, na pessoa do seu Chefe de Estado.
Nunca, que eu me lembre, em 49 anos de regime democrático, houve motivo para um Presidente do Parlamento necessitar de repreender deputados, da forma que teve que fazer Augusto Santos Silva. Fê-lo com a firmeza que se impunha dizendo aos deputados insolentes que se queriam estar na sala tinham «que se comportar com a urbanidade, a cortesia e a educação que é exigida a qualquer representante do povo português. Chega de insultos, chega de envergonhar o nome de Portugal». Não tenho a menor dúvida que as palavras e a indignação do Presidente da Assembleia da República têm o acordo das «pessoas de bem».
Após saber dos acontecimentos da manhã do 25 de Abril na Assembleia da República, se não visse na TV a grande manifestação que ocorreu na parte da tarde, na Avenida da Liberdade, carregada de cor, de pluralidade, de juventude e de alegria, iria pensar que o grupelho da gritaria, tinha conseguido diminuir as comemorações em Lisboa. Felizmente não conseguiu, mas certamente vai continuar a inventar mentiras, falsidades e fake news. A Democracia tem que estar atenta!
Por cá, tal como ocorre desde 1976, voltamos a comemorar o 25 de Abril e, como sempre, com: urbanidade; cortesia e educação. Vamos estar atentos para que assim continue!
Como é tradição, as colectividades e os sindicatos desenvolveram um programa e o Município, seguindo o hábito dos últimos mandatos, desenvolveu outro - programas que não se sobrepuseram e que se complementaram. Foi possível:
– falar de “Memórias de luta pela Liberdade” em S. João da Madeira;
– de ver uma pequena exposição sobre a greve dos sapateiros de 1943;
– de ouvir poesia declamada por Raquel Brandão e Casimiro Fernandes;
– de apreciar a boa música na guitarra e no piano de Gaspar Batista e a linda voz de Vicente Gonçalves;
– de ver a nossa Tuna, num bom espectáculo, de Música de Abril”;
– de participar na “Marcha por Abril”, que foi grande e envolveu,” Kágados”, “Clube de Campismo”, e “Trabalhadores do Município” e que contou com os tambores d’ “A TRuPe - Animação, Teatro de Rua e Percussão”, da Associação Abraçar Milheirós de Poiares;
– de ter as crianças a usufruir da prática do Xadrez, com o “Téssera” numa Praça cheia que assistiu, entusiasmada, às diversas manifestação de música e dança, pelas colectividades, “Capoeirarte/Associação Mais Orreiro”, “Gente Miúda”,” Ecos Urbanos” e “É Bom Viver”.
– de ouvir a nossa Banda de Música;
– de ver a fanfarra dos nossos Bombeiros;
– de presenciar o hastear da bandeira;
– de assistir à Assembleia Municipal e a uma homenagem a resistentes (locais) pela liberdade;
– de visitar a Chaimite e o Mural de Salgueiro Maia;
– e, ao fim da tarde do dia 25, pudemos assistir a um concerto soberbo de um duo de jovens, reconhecidos em Portugal e no estrangeiro que prometem, ambos, um futuro grande sucesso: o clarinetista Vítor Fernandes (sanjoanense) e o pianista Vasco Dantas (do Porto).
Alguns meses após uma grande derrota dos fascistas brasileiros, em eleições livres e justas e três dias depois de Chico Buarque, finalmente, com quatro anos de atraso, receber o prémio Camões das mãos do Presidente Lula da Silva, apetece-me terminar dizendo:
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico