Depois de vários anos de interregno (2019), as Festas em Honra de Nossa Senhora dos Milagres regressaram a S. João da Madeira, com toda a força, voltando a encher a zona do Parque de vida, música e tradição.
Milhares de pessoas marcaram presença ao longo dos quatro dias das festividades, numa edição que assinalou o renascimento de uma das tradições mais enraizadas da comunidade sanjoanense.
O ponto alto da romaria teve lugar no domingo, com a tradicional procissão, que teve início e fim na Capela de Nossa Senhora dos Milagres, percorreu as ruas João de Brito, Comendador Rainho, Francisco Xavier, Enedina Garcia, João da Silva Correia, Avenida da Misericórdia, Visconde de S. João da Madeira e António José das Neves, reunindo centenas de fiéis num ambiente de profunda devoção e emoção. De salientar que a reestruturada Associação Amigos do Parque de Nossa Senhora dos Milagres preparou um programa atrativo para este relançamento.
A Associação Amigos do Parque da Nossa Senhora dos Milagres referiu que o balanço foi “positivo” e que a adesão dos sanjoanenses foi “satisfatória”, assim como dos feirantes, que ficaram “com vontade de voltar”. Todos os dias foram “concorridos” e, apesar de ser difícil calcular o número de pessoas que visitaram o parque ao longo dos quatro dias, a associação acredita que foram “milhares”. “Agradecemos a todos o facto de terem vindo abrilhantar as festas. É claro que a Rosinha foi o momento mais esperado e o fogo de artifício também arrasou”, afirmaram os membros da associação, que garantiram que, para o ano, além de manterem a tradição e a cultura da festividade, pretendem continuar a "melhorar", “trabalhando em conjunto” com o apoio “de todos, sem exceção”.
Rosinha vive noite especial em S. João da Madeira
As celebrações começaram no dia 23 de maio e terminaram na segunda-feira, dia 26, com a atuação da cantora Rosinha.
A irreverente e carismática artista da música popular portuguesa, celebra quase duas décadas com o seu nome artístico — 17 anos de Rosinha — mas a sua ligação à música já vem de há muito mais tempo. “Eu já venho da música de há 35 anos, não é só agora de Rosinha. Nos quase 19 anos, antes disso, toquei em bailes. Tinha a minha aparelhagem, a minha carrinha, montava e desmontava tudo sozinha”, recorda com orgulho.
A cantora revelou-se emocionada com a receção calorosa do público. “Estou muito feliz por estar pela primeira vez a cantar em S. João da Madeira. Mal cheguei fiquei emocionada. A receção foi fantástica desde que chegámos. Até tinha presentes no camarim! A organização deixou um sumo de banana, em homenagem à minha música.”
Apesar de já ter passado pela cidade noutras ocasiões, nunca tinha tido oportunidade de a conhecer verdadeiramente. “Só conheço S. João da Madeira de passagem, porque estamos sempre a correr de um lado para o outro. Infelizmente, nunca tive tempo para estar e poder apreciar. Mas hoje é a primeira vez e vou aproveitar para que fique na minha memória.”
A presença de Rosinha em palco é sinónimo de festa, e a artista garante que, aqui, não foi exceção. “Os meus espetáculos são sempre uma festa. E em S. João da Madeira não foi uma exceção. Foi uma noite incrível.”
Reconhecida como um dos nomes mais fortes da música popular portuguesa, Rosinha não esquece de onde veio e o percurso que trilhou. “O lugar que ocupo hoje na música é de muito trabalho, muito respeito pela música, pelas pessoas que nos contratam, pelo público… e muita gratidão. É essa gratidão e respeito que sinto pelas pessoas, e o carinho que têm por mim, que me fazem continuar.”
“Quero ver a cantora de perto”
Isabel Silva, de 55 anos, não escondeu a alegria por voltar a viver de perto a tradicional festa da cidade. “Nunca vi a Rosinha ao vivo e quero ver a cantora perto do palco. Ela é muito divertida e tenho de aproveitar o que a cidade me oferece para sorrir”, afirmou, horas antes do início do espetáculo.
Residente nas imediações do recinto da festa, Isabel recordou com entusiasmo os tempos áureos da romaria. “Era uma festa que parava a cidade. A primeira grande romaria do ano trazia sempre os melhores artistas, diversões para todos e milhares de pessoas vindas de todo o lado”, sublinhou, acrescentando que guarda as melhores memórias daquilo que considera ser “a sua festa”.
Ao seu lado estava Rosa Maria, também natural de S. João da Madeira, fez questão de marcar presença para ver e ouvir a cantora popular. “O tempo está a ajudar”, comentou com um sorriso, descrevendo a artista como “um espetáculo em palco. O que eu me divirto a ver a cantora na televisão”, enfatizou.
Com o apoio da Câmara Municipal, da Junta de Freguesia e com a colaboração de várias entidades locais, a associação assegurou a organização das festas, tanto na vertente religiosa — em articulação com a Paróquia de S. João da Madeira — como na componente profana.
O programa de animação contou com diversos momentos musicais, entre os quais se destacou a atuação da banda “New Jersey”, um tributo a Bon Jovi, que atraiu uma verdadeira multidão. O encerramento ficou marcado por uma sessão de fogo de artifício, que iluminou os céus, ao chegar da meia-noite.