Sendo assistente de direção num grupo empresarial da região, Rita Oliveira estava mais habituada aos números e à parte financeira, mas o seu interesse pela escrita já resultou num livro.
Registada em S. João da Madeira, Rita Oliveira viveu em S. Roque até aos 20 anos e, atualmente, mora em Arrifana. A sua sensibilidade é visível nas primeiras frases que transmite. A ‘O Regional’ explica que sempre gostou de ler, “principalmente poesia e rimas” e que gostava “muito de ouvir Agostinho da Silva”. “Adoro as músicas da Maria Bethânia”, acrescenta, remetendo para os poemas de Fernando Pessoa que a que a cantora dá voz. “Acho fantástico pegar na poesia e transformá-la em música”.
“A certa altura, começo a perceber de que uma frase ou palavra que me dizem consigo chegar a outra com a mesma rima, começo a construir uma história, um verso, outro verso e vou juntando as coisas”, conta, esclarecendo que ia deixando no computador o que escrevia, sem nunca ter o objetivo de publicar.
“É muito pessoal, são histórias que conto da minha vida, daquilo que sinto”, refere.
Contudo, quando, em junho de 2020, fez 42 anos, o marido fez uma festa digital (por causa da pandemia), na qual lhe foi apresentando o seu próprio livro.
Foi ele, o marido, que, sem a mulher saber, articulou todos os contactos e logísticas para que as rimas das “Histórias de Vida” de Rita Oliveira vissem a luz dos dias, numa edição totalmente personalizada para a autora estreante.
“Sentei-me à frente da televisão com toda a gente, amigos e convidados, e é-me apresentado o livro, fiquei emocionada”, recorda Rita Oliveira, frisando que nunca esperou algo semelhante, mas reconhecendo que “foi uma demonstração de amor muito grande” e que “o livro está lindíssimo”.
Para Rita Oliveira, tem sido “muito interesse” ver como a sua escrita pode transmitir emoções a outras pessoas. “Só tive a perceção que transpunha alguma emoção às pessoas no dia em que a minha filha, num aniversário, leu um dos poemas que tenho, acerca da forma como conheci o meu marido e como comecei a namorar e como ele me esperava no altar e do nosso sonho familiar”, partilha.
“Leu aquele texto à frente de 40 pessoas e no fim vejo homens a chorar com a emoção que tiveram de ouvir aquelas palavras pela minha filha”, completa a autora, frisando que nunca pensou que o que escrevera “levasse, naquele momento, àquela emoção daquelas pessoas” e que ficou “muito surpresa”.
É a própria autora que tem todos os livros e que faz a sua distribuição, mas não tem feito vendas. “Estou a oferecer às pessoas que sinto que devem receber o livro, são histórias muito minhas, se algum dia vou vender o livro não sei, se calhar sim”, justifica.
Apesar de, neste momento, a distribuição ser mais pessoal e nos seus círculos, o marido já levou um exemplar ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. “E teve a amabilidade de me ligar a dizer que tinha gostado muito, não tinha que o fazer, fiquei surpresa”, revela Rita Oliveira.
Sobre fazer uma apresentação pública de uma obra da sua autoria, indica que “nunca surgiu”, mas não põe de parte. “Neste momento, teria mais alguma coisa para outro livro, mas não sei o que o futuro nos reserva, não penso nisso sinceramente”, indica, admitindo disponibilidade para que mais pessoas e pessoas que não conheça possam aceder ao livro se for demonstrado esse interesse.