Com mais de 2000 votos, o público da gala aRi[t]mar escolheu o poema “não sei voar mas tenho”, de Cátia Cardoso, publicado pela Cordel D’Prata, como o melhor do ano 2024 em Portugal. Já o poema “Onde imos agora”, de Elba Pedrosa, foi eleito o melhor poema do ano 2024 na Galiza. Em Portugal, os pódios completam-se com Ricardo Gil Soeiro pelo poema “Lição de Eudemonia” (2º) e Filipa Leal por “Arreigada” (3º).
Segundo a organização, Cátia Cardoso e Elba Pedrosa têm em comum o facto de serem mulheres, poetas e vencedoras do prémio à melhor poesia do ano 2024 nos seus respetivos países. “Longe de se limitarem a um bloco marcado pelo preconceito temático do feminino, ambas revelam a diversidade que as vozes das mulheres vêm trazendo à poesia nos últimos anos, tanto em Portugal como na Galiza, o que não impede que os mundos das poesias vencedoras partilhem pontos em comum”, indica o aRi[t]mar.
De acordo com a mesma fonte, Cátia Cardoso “responde com a falta de lógica que só um mundo em conflito constante pode sustentar”.
Por sua vez, em declarações exclusivas a 'O Regional', Cátia Cardoso refere que este reconhecimento é “uma honra, desde a primeira fase, em que o poema foi selecionado por um júri da Escola Oficial de Idiomas de Santiago de Compostela”. “O júri ter chegado até ao meu livro, ‘matar os dinossauros’, sem qualquer submissão a concurso, foi algo que me deixou logo muito honrada, pois estamos a falar de um contexto que vai além das fronteiras do meu país e a oportunidade de ser lida na Galiza é extraordinária”, acrescenta.
A autora considera ainda que o facto de o seu poema ter sido o mais votado pelo público, na fase seguinte, é “uma circunstância feliz e um fator acrescido de motivação para o trabalho da escrita poética”. “Além disso, é também um impulso para conhecer ainda mais da cultura galega e percecionar melhor os cruzamentos existentes entre Galiza e Portugal, sendo que quando cruzamos culturas ficamos sempre pessoas mais ricas a todos os níveis, seja social, cultural ou mesmo humano”, conclui.
Recorde-se que Cátia Cardoso é jornalista, tendo passado pela redação d’O Regional e, atualmente, encontra-se a fazer doutoramento em Sociologia, na Universidade de Coimbra, e a investigar sobre políticas culturais. “matar os dinossauros” é o seu terceiro livro de poesia e foi apresentado na Biblioteca Municipal de São João da Madeira, a 14 de dezembro do ano passado, pela professora e crítica literária Cristina Marques, que, na altura, apontou Cátia Cardoso como “um caso sério na poesia lírica contemporânea”.
Assim, Cátia Cardoso, tal como Elba Pedrosa, juntam-se a Mondra e Diogo Piçarra, autores das melhores músicas do ano na Galiza e em Portugal, e ao Município de Braga, vencedor do Prémio Especial do Júri para a Embaixada da Amizade Galego-Lusófona.
Os galardoados participarão na gala aRi[t]mar 2025, onde receberão os prémios, no mês de outubro, no Auditório da Galiza, em Santiago de Compostela. O certame aRi[t]mar é um projeto da Escola Oficial de Idiomas de Santiago de Compostela, que visa difundir a música e a poesia e aproximar a cultura e a língua da Galiza e de Portugal.