Arouca Film Festival celebra 23 anos e estreia-se em Angola com convidados internacionais

Entre 10 e 20 de setembro, o AFF decorre em Arouca, S. João da Madeira, Porto e Luanda, reunindo cineastas, atores, produtores e entusiastas de cinema em torno de uma programação que inclui 52 filmes de países diversos como Espanha, Portugal, Reino Unido, Estados Unidos, Sérvia, Ucrânia, Brasil, Angola, Itália e Irão. Este ano, o festival introduz ainda uma nova secção competitiva dedicada às longas-metragens, alargando o horizonte de propostas a concurso e consolidando o seu estatuto como um dos festivais mais antigos do país.
Cinema português em destaque na Casa da Criatividade
A cerimónia de abertura, realizada na Casa da Criatividade, foi marcada por momentos de celebração e cultura. O público assistiu à projeção do filme ‘Portugueses’, de Vicente Alves do Ó, “uma obra que revisita a história recente do país através de canções que se tornaram símbolos da resistência e da identidade nacional”. De Zeca Afonso a Sérgio Godinho, passando por Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, Fausto, Fernando Tordo ou Sophia de Mello Breyner Andresen, a banda sonora do filme “funcionou como fio condutor de uma narrativa que acompanha o caminho do país” desde os tempos que antecederam a Revolução de Abril até à atualidade.
As interpretações estiveram a cargo de um elenco vasto e diversificado, no qual se destacam Vítor Norte, Oceana Basílio, Ana Guiomar, Carlos Alberto Moniz, Luís Esparteiro e Ana Bola, sob a direção musical de Lúcia Moniz. A sessão foi enriquecida através de uma “prova de doces conventuais”, gesto que uniu o cinema ao património gastronómico, reforçando a dimensão sensorial da experiência.
Entre os convidados especiais da noite estiveram a cineasta espanhola Meritxell Valls, distinguida em edições anteriores do AFF e responsável por uma palestra que se realizou, no Porto, no dia 13 de setembro, e o realizador português Miguel Cadilhe, que sublinhou o valor de espaços como este para a projeção do cinema nacional.
O presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, Jorge Vultos Sequeira, salientou a relevância do Cine S. João, projeto que nasceu da colaboração com o Cine Clube de Arouca. “Quero aproveitar esta oportunidade para expressar a gratidão do município por ter confiado na nossa terra para aqui desenvolver o Cine de São João, um projeto cultural que em 2024 realizou 14 sessões gratuitas de cinema português, promoveu um ciclo de cinema brasileiro e levou filmes a crianças e jovens da cidade.” Para o autarca, a iniciativa é “um bom exemplo de maturidade e de cruzamento cultural e social” e já ocupa “um lugar central na programação cultural do território”.
Também o diretor do festival, João Rita, realçou a ligação com o público sanjoanense, confessando sentir-se “muito lisonjeado” pela forma como a cidade acolheu o festival. “Uma casa sem público, um projeto sem público, não existe, e vocês, público de S. João da Madeira, são efetivamente um exemplo a nível nacional.” O responsável acrescentou que, ao longo de 23 anos, o AFF tem procurado afirmar-se como “um exemplo não só a nível nacional, mas também internacional”, e que a estreia em Angola é prova dessa ambição. “Abrimos este ano em Luanda, mostrando que o cinema pode unir territórios e culturas”, afirmou.
Um festival que cresce com os criadores
A edição de 2025 destacou ainda a presença de cineastas internacionais de relevo. Meritxell Valls, reconhecida pelo seu trabalho sonoro e visual, partilhou a sua experiência numa palestra aberta ao público no Porto, enquanto o cineasta espanhol Nani Matos, vencedor do prémio FOX e novo elemento do júri, marcará presença na cerimónia de encerramento amanhã, em Arouca, dia 19 de setembro.
Para além das competições de curtas e longas-metragens, o festival aposta em encontros com realizadores, debates e atividades paralelas que procuram aproximar criadores e público. Como recordou João Rita, “este festival existe para mostrar tudo aquilo de bom que temos, mas só faz sentido porque vocês estão aqui”.
Uma ponte entre culturas e gerações
Ao longo de duas décadas e mais, o Arouca Film Festival construiu uma reputação sólida, marcada pela persistência de uma equipa que, segundo o diretor do festival, João Rita, “com muito trabalho e dedicação” transformou um pequeno evento local num festival com reconhecimento nacional e agora também internacional. Em S. João da Madeira, a cooperação com o município e com o público tem sido decisiva para esse crescimento, numa relação que promete continuar a reforçar-se nos próximos anos.
Com Angola como nova etapa e um leque de filmes que percorrem geografias, culturas e sensibilidades, o AFF tornou-se um espaço de encontro, diálogo e celebração do cinema. O programa completo está disponível nas redes sociais do evento e em www.aroucafilmfestival.com.




