A empresa Águas de S. João atravessa momentos complexos. Há trabalhadores que acusam o diretor geral de assédio moral. O conselho de administração refuta as acusações. Na última Assembleia Municipal houve intervenções a agitar os ânimos.
Funcionários da empresa Águas de S. João marcaram presença, em força, na Assembleia Municipal da passada quinta-feira. Segundo apurou ‘O Regional’ junto de alguns deles, dos 29 trabalhadores, 21 estão sindicalizados e estiveram quase todos presentes, sendo representados por António Augusto, líder do Sindicado de Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL). Três outros funcionários da empresa protestaram contra o dirigente sindical e em favor do diretor geral das Águas de S. João.
Primeiro, interveio António Augusto, dando nota da declaração que surgiu do plenário de trabalhadores, noticiada por ‘O Regional’, na edição de 30 de junho passado.
O dirigente apontou que os funcionários estão “indignados com o que se passa dentro da empresa”. “Uma empresa que tem um diretor geral que constantemente, embora alguns digam o contrário, está a assediar trabalhadores e trabalhadoras”, completou, lembrando que 51% do capital pertence à Câmara Municipal.
“Há trabalhadores e trabalhadoras nas Águas de S. João que, em vez de de manhã ou à segunda-feira se apresentarem no trabalho com prazer de trabalhar (...) chegam revoltados, com a sua questão psíquica em baixo”, sublinhou António Augusto.
O responsável sindical atacou ainda o “caráter” do diretor geral da empresa, apontando processos disciplinares instaurados (no seu entender, de forma injustificada) e funções retiradas a trabalhadores.
“Esta empresa não trata as pessoas com dignidade”, mas sim com “caráter de afrontamento e assédio moral”, disse, apontando ainda ter conhecimento de que dentro da Câmara existem outras divisões onde será praticado assédio. Além disso, frisou que há câmaras de vídeo vigilância com acesso direto ao diretor da empresa, o que não considera legal.
António Augusto pediu à Assembleia para se debruçar sobre a empresa e os seus trabalhadores, que “não têm condições de trabalho, não têm limpa fossas, não têm desentupidores”, acusou.
Seguidamente, três funcionários da empresa intervieram em defesa do diretor geral. Bebiana Ferreira fez questão de dizer “em frente aos colegas, ao STAL e ao Presidente da Câmara” que não se revê na intervenção do sindicato. “Não vejo assédio, não vejo nada dessa situação”, disse. Constantino Marques considerou que o diretor da empresa “é uma pessoa espetacular”. “À segunda-feira sinto-me motivado para ir trabalhar, é uma empresa que me dá segurança”, acrescentou. As informações trazidas a público pelo sindicato “apenas traduzem um lado da história e não refletem em nada a minha experiência na empresa”, apontou Pedro Costa.
Durante estas intervenções, ouviram-se protestos do público: “uma vergonha, uma vergonha”; “quanto é que te pagaram?”.
“Quando houve trabalhadores que vieram dizer que discordavam foram logo acusados de ser comprados. O que vimos aqui foi assédio também a trabalhadores”, afirmou, momentos mais tarde, o Presidente da Câmara, Jorge Sequeira, que refutou “completamente as acusações”.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3901 de O Regional,
publicada em 21 de julho de 2022