Sociedade

“Temos muitas pessoas que vêm para cá despreparadas”

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Criada em julho de 2022, a Associação de Apoio aos Imigrantes, conhecida por ADAI, surgiu em S. João da Madeira com uma realidade concreta de ajudar imigrantes que chegam, na sua maioria do Brasil, e muitos “vêm para cá despreparados”.

Jornal ‘ O Regional´- Associação de Apoio aos Imigrantes (ADAI) foi criada em julho de 2022. De que forma atua junto das pessoas que chegam a S. João da Madeira?
Ronaldo Pereira - Os trabalhos já acontecem há muito tempo. A direção desta associação sem fins lucrativos é composta por mim, por Renato Silva pelo Luciano Santos e Marcos Manfredo. Nós já ajudávamos os imigrantes, principalmente na hospedagem, no trabalho, arranjar documentação, atestados de morada, dificuldades que estas pessoas têm para começarem uma vida noutro país. Num dos nossos encontros que temos aos domingos, no futebol, questionamo-nos, e, uma vez que já fazíamos isso, porque é que nós não regularizamos essa situação, já que podia trazer mais benefícios para a cidade, como para os imigrantes que cá chegam. Em julho do ano passado, regularizámos a sua criação, iniciamos com a uma equipa de futebol para o Inatel, e demos continuidade ao trabalho de apoio a imigrantes, que é o mais importante na integração na cidade, e ainda hoje nós continuamos a fazer.

S. João da Madeira tornou-se há muito uma cidade de destino de imigração. Quantos imigrantes há no concelho? Quantos brasileiros vivem na cidade?
Nós tivemos uma reunião com o presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, dia 16, e, em termos de brasileiros, a cidade tem cerca de 1400. Quanto aos outros não conseguimos números concretos.

O que atrai essas pessoas a esta cidade?
Acho que é uma cidade pequena mas que tem tudo. Boas escolas, hospital, centro comercial e qualidade de vida. Essa foi uma das razões que me atraiu e que me fez ficar cá. A juntar a tudo isso o facto de estar já implantado na cidade uma grande comunidade brasileira.

É essa a mensagem que transmitem para quem vos contacta?
É. Apesar de ser uma cidade pequena, tem tudo. Tem, desde um shopping, fast-food, coisas que os jovens gostam, e eu sempre tive muita ligação para trabalhar com jovens, e não pensei duas vezes em vir viver para cá. Procurei logo arrendamento, e vai fazer dois anos, em maio que aqui estou, não quero ir embora de Portugal, e muito menos de S. João da Madeira.

Quais os objetivos e atividades da associação?
O objetivo da Associação, além de ajudar na documentação, integração no país, pretendemos trazer coisas diferentes que sejam mais atrativas. Como nós tivemos, agora, a oportunidade de participar no Carnaval no Mundo, nós trouxemos um pouco do Carnaval do Brasil e falámos com o Presidente da Câmara que o nosso objetivo é melhorar, porque foi muito em cima da hora, muito rápido. Agora vamos ter um ano para trabalhar. Já propusemos isso à Câmara, e eles já aceitaram e a ideia da Associação, e, através do desporto e da cultura, trazermos mais pessoas para cá. O objetivo da Associação é igualmente criar eventos que não existem na cidade, queremos fazer o baile do carnaval, não só o desfile das escolas, na sala de Fornos, para os jovens não terem que sair daqui para Santa Maria da Feira e Ovar. Trazer mais opções aos jovens, só que tem que ser com muita calma, porque, começar e não ser bem feito, eu não vale a pena fazer.

Portugal vive com a falta de habitações. Em S. João da Madeira também sente essa dificuldade?
Total! Eu sei de três famílias que querem vir de Alcobaça para cá e não têm casas para morar. Neste momento, estamos a dizer às pessoas que querem vir para S. João da Madeira ou para Portugal para não o fazerem, sem local garantido para morar.

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