Há cerca de um ano que os residentes de um prédio, situado na rua Alão de Morais, vivem uma realidade diferente daquela a que estavam habituados, em causa as infiltrações constantes que, na sua perspetiva, começaram desde uma empreitada.
Natália Almeida abre a porta de sua casa, na rua Alão de Morais, número 361, com um semblante preocupado no rosto. Vive há mais de 50 anos no seu apartamento e, desde as obras levadas a cabo pela Câmara Municipal de S. João da Madeira no bloco junto ao seu prédio, na rua Guerra Junqueiro, número 332, nunca mais conseguiu dormir descansada, ponderando, até, “vender a sua casa” para que “tudo termine”. “Para mim, aquando as obras, as rachadelas do prédio – que já tem cerca de 70 anos – abriram e agora temos infiltrações terríveis. Não sou só eu a queixar-me; há mais vizinhos na mesma situação”, contou Natália Almeida, em entrevista ao jornal ‘O Regional’. Agora, teme os dias de chuva, uma vez que é nesses dias que a situação se torna mais precária, com a água a cair do teto da cozinha, da casa de banho e a escorrer pelas paredes de um dos quartos da habitação. “A Câmara já veio fazer uma peritagem, mas diz que não foi por causa deles; que isto é por causa do telhado. Posso afirmar uma coisa… No tempo anterior às obras, nunca tinha acontecido tal coisa”, declarou. “A autarquia não assume a responsabilidade. Não percebo como é que isto é possível, uma vez que estava tudo bem até começarem a fazer as obras aqui ao lado, transformando aquela habitação social de T3 para T1”, especificou.
É com desalento que Natália Almeida mostra a sua casa, com particular ênfase onde as infiltrações são mais visíveis. Refere que, ao longo dos anos, foi fazendo obras no apartamento para que o mesmo ficasse ao seu gosto e que, agora, sente que está tudo a ir “por água abaixo”, de forma literal. Segundo a moradora sanjoanense, o surgimento das infiltrações começou a ser notório no início deste ano. “Em janeiro, o meu filho veio cá e ele passou-se quando chegou ao seu quarto, uma das divisões mais afetadas pelas infiltrações”, referiu. “Tenho medo, até, que haja um curto-circuito na casa-de-banho, uma vez que a água surge logo no teto, na parte elétrica”, admitiu. Nos dias de chuva, a situação é ainda pior. O piso parece prestes a ceder e a erguer-se da superfície. O seguro “não paga”, uma vez que não entendem como é que, num primeiro andar, cai água do teto. “De facto, não tem lógica. Mas a verdade é que é real”, realçou.
Prova disso é a sua vizinha do rés-do-chão, Maria Arlete. De forma a descrever a gravidade da situação, a moradora contou que gastou “centenas” de euros de eletricidade mensais ao longo destes meses para que o desumidificador pudesse absorver a água, dadas as “poças” existentes no apartamento. “A Câmara alega que [a água] vem do telhado, mas a única pessoa que se queixava de infiltrações lá é do último andar. Nunca aconteceu o que está a acontecer com a Natália, com a minha mãe [residente] e com as outras pessoas do prédio”, enfatizou. “Foi a partir do momento em que as obras no segundo esquerdo começaram, até porque a água do telhado nunca veio parar aos sítios em que está agora”, assegurou. Segundo Maria Arlete, o facto de a habitação social ter sido transformada num T1, em que “andaram a partir paredes”, “deslocaram a área da cozinha” e em que parecia que “o prédio tremia com as vibrações [das obras]”, acabou por perturbar a estrutura do prédio. “O senhor que vive no próprio apartamento em causa disse que o mesmo está cheio de água”, observou, incrédula, concluindo: “Isto aconteceu a partir do momento da empreitada no segundo esquerdo, na rua Guerra Junqueiro, 332!”
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