BE e CDU mostraram-se contra a concessão do estacionamento da cidade, a coligação PSD/CDS/IL insistiu que todo o processo é “uma trapalhada” e desafiou o presidente da câmara a dizer se vai ou não construir o parque na rua Padre Oliveira.
A gestão do estacionamento na cidade animou a última assembleia municipal e até reacendeu a discussão em torno da requalificação da praça Luís Ribeiro. Só o PS aprovou o concurso público para a concessão do estacionamento à superfície e subterrâneo no concelho, naquela que é a terceira tentativa do município de encontrar possíveis interessados. Como o jornal 'O Regional' já tinha noticiado, o novo concurso deixa cair a operação imobiliária e que previa a construção de um parque de estacionamento na rua Padre Oliveira.
O presidente da câmara recordou todo o processo e os dois primeiros concursos, que ficaram desertos, para realçar que, apesar do desfecho, o município agiu “de boa fé e em prol do interesse público”. O novo concurso prevê uma concessão de 15 anos, onde o concessionário terá a seu cargo a “fiscalização, manutenção e modernização do serviço”, apontou Jorge Sequeira, como a introdução de um sistema de smart parking. “Mantemos que o modelo de concessão é o mais ajustado e vantajoso para o município. Desejamos, como se diz em bom português, é que à terceira seja de vez”, vincou o edil.
CDU e BE defendem gestão municipal
Já a CDU mostrou-se contra a concessão, considerando que o município tem “interesse e condições para assegurar a gestão integrada do estacionamento sem concessionar a privados”. O deputado Paulo Duarte afirmou que é necessário garantir o “equilíbrio entre os lugares taxados e não taxados”, afirmando que a proposta apresentada pelo executivo “agrava esse desequilíbrio” por acrescentar “97 lugares de superfície taxados aos já 856”.
Argumentando que a concessão do estacionamento “já deu asneira aqui e noutros municípios”, Eva Braga (BE) acusou o executivo de “insistir no mesmo erro” de “entregar à gestão privada um espaço público”. A deputada considera também um logro construir mais estacionamento no centro da cidade, justificando que os atuais parques “estão vazios”. “Há muito estacionamento em S. João da Madeira”, vincou, considerando que a construção de novos “vai contra uma cidade ecológica”. Eva Braga instou o PS a investir no transporte público para desincentivar o uso automóvel e a apostar numa cidade com “passeios arborizados e fáceis de caminhar”.
“Em vez de 250 passos para a frente, demos 100 para trás”
A gestão do estacionamento na cidade mereceu críticas da coligação PSD/CDS/IL, com Gonçalo Fernandes a apelidar todo o processo de “trapalhada”. O deputado puxou a fita atrás para lembrar o projeto de requalificação da praça apresentado pela coligação no mandato de Ricardo Figueiredo e que previa a construção de três parques de estacionamento, uma proposta que, na altura, mereceu aval do PS. O social democrata apontou que, após ganhar as eleições, Jorge Sequeira “decidiu alterar o projeto da praça” prevendo apenas a construção de um parque. “Se estivéssemos hoje a governar, teríamos mais 250 lugares de estacionamento no centro e nas zonas envolventes. Construíamos 150 lugares nos três parques e não retirávamos os 100 que os senhores retiraram”, afirmou. “Em vez de termos dado 250 passos para a frente, demos 100 para trás”, considerou, apontando que, com todo este processo, o concelho está “a perder por ano, em média, cerca de 170 mil euros de receita”. O social democrata deixou ainda o desafio. “O sr. presidente prometeu fazer o parque e até hoje não disse nunca que o parque não era necessário. Desafio-o a dizer: Vai cumprir com o compromisso? Vai construir o parque?”, indagou.
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