Sociedade

“Ser catequista é ser testemunho de vida e pela palavra”

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Rui Maia é catequista em S. João da Madeira há 20 anos. Uma missão que o obriga a estar “sempre” disponível para acompanhar o adolescente, o jovem ou mesmo a família.

Rui Maia, 48 anos, é catequista há 20. Começou por questionar as razões da entrevista, mas quando explicamos que se prendia com o desafio do cargo, e do longo percurso dedicado ao acompanhamento espiritual, aceitou.
O seu percurso está marcado pelo acompanhamento espiritual aos outros. O convite surgiu através de um amigo da comunidade paroquial de S. João da Madeira “Ser catequista é ser testemunho de vida e pela palavra, sem arrogância, mas também sem medo, ser chamado a dar a conhecer a Boa Nova de Jesus”, explicou.
Para o também professor de matemática, ser catequista significa que cada homem e cada mulher seja acompanhado pela “fé profunda e maturidade humana”, que tenha uma participação “ativa na vida da comunidade cristã, seja capaz de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna; receba a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para ser um solícito comunicador da verdade da fé”. Rui Maia vai mais longe: “A catequese não é apenas com os adolescentes, jovens, porque existem os pais, irmãos, avós, e esses são parte integrante na educação na fé”.
Ser catequista tem algumas exigências. “Sem fé refletida e esclarecida, não se pode levar a verdade da fé aos jovens. Tudo se faz diferente, quando Deus está presente na nossa vida. Deus fala-nos de formas diferentes. Compete a cada um de nós saber ouvi-Lo”, frisou.

“Ser catequista é ser um bom instrutor”

Um catequista é alguém que, semanalmente, partilha estado de espírito e ensinamentos, mas para o também professor, é um dever sem hora nem dia marcados. “A proximidade entre catequista e catequizando faz com que a figura do catequista tenha que ser como aquele que é próximo, como aquele que é amigo e que está sempre disponível para escutar e orientar, segundo os valores cristãos”. Como amigo e confidente, o catequista deve estar “disponível para acompanhar o adolescente/ jovem, ou mesmo a família, sempre que se manifeste vontade ou necessidade de o fazer”.
Muitos podem perguntar-se qual a importância que têm estas pessoas junto da igreja e, principalmente, dos jovens. E a resposta de Rui é imediata e esclarecedora: “O novo diretório para a catequese faz referência à importância destes homens e mulheres de fé que, com gratuidade, dedicação, coerência, segundo uma espiritualidade missionária que os afasta do esforço pastoral estéril e do individualismo, trabalham nas comunidades paroquiais com o profundo amor a Deus e à sua Igreja.”
São estas as pessoas que semanalmente se entregam a uma comunidade que espera que os catequistas sejam verdadeiros educadores da fé juntamente com as famílias.
Os tempos mudaram e a catequese acompanhou essa evolução. “Os catequistas de hoje são convidados a adotar um estilo de comunhão”, e a serem criativos no uso de ferramentas e linguagens. “Por vezes, é uma tentação reduzir uma catequese a uma série de coisas que as crianças/ jovens têm de aprender à semelhança de uma aula, mas o que se pretende é criar uma identidade cristã”, enfatiza Rui Maia.
Para quem ache que a figura do catequista tem que ser redescoberta nos tempos atuais, a resposta também é esclarecedora: “o catequista de hoje já é alguém que caminha ao lado dos seus adolescentes/ jovens, fazendo caminho com eles, sendo testemunha de Jesus Cristo. O catequista é a comunidade”.
À semelhança dos professores, as circunstâncias proporcionaram a adaptação dos catequistas às novas situações, que a pandemia obrigou. Nos dias de hoje, “para quem estiver atento, percebe o esforço que a Igreja tem feito para acompanhar as transformações socais e, consequentemente, apresentar documentos orientadores nesse sentido”, rematou.

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