No último sábado, dia 3 de junho, a Ação Nacional de Protesto e Luta fez-se ouvir em 17 concelhos de todo o país. Mobilizando dezenas de sanjoanenses até à Praça Luís Ribeiro, os participantes uniram-se para expressar a sua insatisfação
S. João da Madeira foi selecionado como um dos concelhos para receber a Ação de Protesto e Luta devido à sua reputação de oferecer melhores salários médios e uma maior qualidade de vida. No entanto, mesmo numa região considerada privilegiada, os sanjoanenses sentem os impactos negativos do aumento dos preços.
Durante o protesto, os participantes ergueram cartazes e entoaram palavras de ordem, exigindo soluções efetivas para lidar com a escalada dos preços.
O líder do movimento Porta a Porta, João Canas afirmou “Existe hoje uma grave crise habitacional no nosso concelho. Aumentam os lucros da banca, diminui o prato à hora de jantar”. Face às medidas de incentivos fiscais e apoios às famílias apresentadas pelo governo, João Canas acrescentou “Apontam-nos um rol de medidas de incentivos fiscais e de apoios às famílias, mas não demora muito até perceber que depois de todas estas medidas, fica tudo na mesma para nós”
O aumento dos preços da habitação e do custo de vida tem sido uma preocupação crescente em Portugal, afetando tanto as grandes cidades como as regiões consideradas mais prósperas.
Não obstante, Joana Dias, sanjoanense e funcionária do setor social, levantou a sua voz num apelo por melhores condições de trabalho e remuneração justa. Como parte de um setor considerado imprescindível para a comunidade, Joana Dias ressaltou a persistência dos baixos salários. “Somos trabalhadoras do setor social, imprescindíveis, mas que, ao fim de 15 anos, continuam a trabalhar pelo salário mínimo. Pedem-nos que trabalhemos por caridade, mas nós à noite, quando formos dar comida aos nossos filhos, colocamos caridade na mesa”.
Levantando preocupações sobre os desafios que os jovens enfrentam na construção de uma vida sustentável, Dionísio, um jovem residente em S. João da Madeira, manifestou que “é muito difícil atualmente para um jovem ter um projeto de vida com os salários que são pagos e o contexto profissional de precariedade. É igualmente complicado pensarmos sequer em sairmos de casa dos nossos pais e constituirmos família”.
Vitor Januário, um dos organizadores da Ação Nacional de Protesto e Luta que ocorreu em S. João da Madeira, destaca a importância do movimento “Somos Sempre Os Mesmos A Pagar”, do qual faz parte, enfatizando: “É preciso persistir e é preciso resistir, de facto não podem ser sempre os mesmos a pagar. Trabalhamos dezenas de anos para conseguir ganhar o que ganha, num ano, um diretor executivo.” O movimento tem realizado ações de denúncia, protesto e propostas para chamar a atenção para os custos elevados suportados pelas pessoas em várias cidades, que consomem uma grande porcentagem da renda familiar.
À medida que a Ação Nacional de Protesto e Luta ganhou destaque, é esperado que a pressão sobre o governo aumente para que sejam encontradas soluções que visem a redução dos preços da habitação e a estabilização do custo de vida.