No primeiro dia de maio, S. João da Madeira acorda com uma mão-cheia de giestas à entrada das casas, nas viaturas e nos portões. São as maias, uma tradição com longos anos para “afastar o mau-olhado e as bruxas”, revelam os sanjoanenses.
Ana Rosa, de 63 anos, natural e residente em S. João da Madeira, ainda hoje tem na memória a importância que esta tradição sempre teve junto da sua família. “Recordo com saudades da minha avó paterna todos os anos de me explicar o seu significado. Dizia que se não colocássemos a “maia” nessa noite, que a casa seria visitada pelo mau-olhado e pelas bruxas. Cresci com isto na cabeça”, gracejou.
Explicou a ‘O Regional’ que a tradição consiste em colocar um ramo destas flores amarelas ou apenas um simples ramo, conhecidas por maias - há também quem lhe chame de maios - nas portas de casa, nos campos, nos carros, em vários lugares, mas a ideia original é ter, pelo menos na porta principal de casa, na noite de 30 de abril para 1 de maio, a flor visível.
“Ainda hoje mantenho a tradição. Vou com a minha filha recolher as mais bonitas e coloco em todas as janelas, portas e até no portão”, assume Rosa. Mas as memórias são ainda muitas de uma tradição que, entende, ainda se mantém viva. “Lembro-me de ficar acordada durante a noite a ver se ouvia as tais bruxas a passarem na rua, à procura de uma casa em que não tivessem colocado as maias na porta, para lá entrarem. Mas, na verdade, nunca ouvi nada”, recorda Ana Rosa.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3841 de O Regional, publicada em 29 de abril de 2021.