Sociedade

S. João da Madeira é o quarto concelho do país que mais refugiados acolhe

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Na terça-feira, dia 20 de junho, a cidade assinalou o Dia Mundial do Refugiado com uma série de eventos realizados nos Paços da Cultura. A Junta de Freguesia organizou três momentos de partilha, destacando uma tertúlia, uma exposição e um concerto

A tertúlia, intitulada “Educar para a paz: da reflexão à ação”, reuniu diversos convidados de destaque. Joana Pereira, diretora da Cruz Vermelha de S. João da Madeira, assumiu o papel de moderadora do evento, enquanto Sónia Pereira, Alta Comissária para as Migrações, Raul Manarte, psicólogo e ativista pelos direitos humanos internacionais, e Mariana Barbosa, psicóloga e docente na Universidade Católica do Porto, partilharam as suas perspectivas e experiências vivenciadas.
Durante os eventos, várias autoridades e personalidades pronunciaram-se, ressaltando o compromisso de S. João da Madeira em acolher pessoas refugiadas. O presidente da Junta de Freguesia, Rodolfo Andrade, revelou que “S. João da Madeira é atualmente o 4º concelho do país que mais pessoas refugiadas acolhe, acompanhando já mais de 100 pessoas refugiadas”, um dado, igualmente, avançado pela Secretária de Estado da Igualdade e Migrações. “Acolhe e podemos dizer com orgulho que servimos de exemplo aos restantes concelhos.” Rodolfo Andrade destacou a responsabilidade política e governamental que a missão de acolher refugiados implica, enfatizando que a diversidade traz benefícios para todos e que o foco principal deve ser o sentido humano.
Sónia Pereira, Alta Comissária para as Migrações, também expressou a sua satisfação em participar pela segunda vez nesta reunião em S. João da Madeira. Sublinhou que “isso mostra bem a importância do trabalho que aqui é desenvolvido para este nosso compromisso nacional de acolher pessoas refugiadas e também é a oportunidade de mostrar este tipo de trabalho que foi também projetado. De facto, estes meios de comunicação são muito relevantes para conseguirmos comunicar aquilo que é a realidade da vida das pessoas refugiadas”, promovendo a empatia e a união.
Raul Manarte, psicólogo especialista em crise e catástrofe, bem como ativista pelos direitos humanos internacionais, realçou a importância de ambos os braços da ação social. Ele comparou o “braço direito” das ações humanitárias e do voluntariado com o “braço esquerdo” do ativismo cívico, “sinto que temos dois braços: um braço direito… e um braço esquerdo, só que estamos mais habituados a usar o braço direito porque muitas da vezes nem sabemos como usar o braço esquerdo”.
No entanto, Raul Manarte ressaltou a capacidade transformadora do ativismo, citando estudos que indicam que “as meta-análises do ativismo dizem-nos que se apenas 3,5% da população se levantar, qualquer coisa muda. Ou seja, em Portugal, seriam 350 mil pessoas e foram 200 e tal mil ver Coldplay, portanto, nós conseguimos mudar qualquer coisa”, números que demonstram o potencial de mobilização da sociedade para promover transformações positivas.
Mariana Barbosa, psicóloga e docente na Universidade Católica do Porto, transmitiu uma mensagem sobre a compreensão das pessoas refugiadas. A docente disse que “refugiado não é diagnóstico, é uma experiência pela qual uma pessoa pode passar”, uma declaração que destaca a importância de evitar estereótipos e rotulações relacionadas à saúde mental dos refugiados.
Após uma troca de ideias, tanto os oradores como o público presente foram convidados a visitar a exposição fotográfica intitulada “Pelas Lentes da Esperança: Vidas em reconstrução”. Essa exposição, por meio de imagens poderosas, retrata as histórias e os desafios enfrentados por pessoas refugiadas, transmitindo uma mensagem de esperança e superação.
Chegada a noite, o concerto da Orquestra ANIM (Orquestra do Instituto Nacional de Música do Afeganistão), trouxe aos Paços da Cultura, uma apresentação musicalmente e culturalmente rica, a orquestra trouxe uma importante mensagem de união e resiliência, lembrando a todos a importância de valorizar e celebrar a multiculturalidade.

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