Sociedade

Rostos sem Máscara - 13 - “O bom bacalhau está na mesa dos meus clientes”

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É um dos rostos mais conhecidos do Mercado Municipal. Laurinda Costa é a única vendedora, só de bacalhau, no Mercado Municipal, há mais de 30 anos. Apesar da profissão “difícil” orgulha-se de colocar na mesa dos sanjoanenses sempre o melhor bacalhau

O bacalhau faz parte da gastronomia portuguesa há mais de 500 anos. Há muitas formas de o cozinhar, e existe mesmo quem seja mestre do conhecimento desta iguaria. Laurinda Costa, 60 anos,  vende bacalhau há mais de 30 anos, no mercado Municipal de S. João da Madeira.
Foi por amor, e não por “paixão”, que se agarrou à banca, mas, mesmo depois do divórcio, decidiu vender o tradicional bacalhau de qualidade aos fiéis clientes “de longos anos”, que foi mantendo toda a vida.  “Esta não é uma vida fácil. É difícil, pesada, e nada meiga para os ossos”, mas não é por isso que Laurinda pensou algum dia em desistir.
É a única vendedora, só de bacalhau, neste mercado. Conhece e trata este peixe salgado por tu. E como o bacalhau não é todo igual e tem muito que se lhe diga é possível encontrar na sua banca a divisão do mesmo. “Tenho bacalhau de qualidade para todos os preços”. Explicou também que a secagem é um processo que consiste na eliminação de grande quantidade de água do produto, de modo a desfavorecer o desenvolvimento de microrganismos e eliminar quase totalmente as suas atividades metabólicas. E é por isso, que Laurinda diz que o bom bacalhau “tem de ter uma boa cura, quando tem água, o cliente não está a pagar o verdadeiro valor do bacalhau, mas também o peso da mesma”, enfatiza.
Segundo a vendedora, este é um processo longo, que envolve mão-de-obra, tempo, secagem. “E nós, os portugueses, somos quem realmente o sabemos fazer. A secagem pode ser feita pela exposição ao ar livre (secagem natural) ou em estufas, por processos mecânicos (secagem artificial) ”, garante.
Laurinda é uma mulher bem-falante e despachada. Quando lhe perguntamos quais são os seus clientes mais frequentes, ela responde com prontidão: “O bom bacalhau está na mesa dos meus clientes”, desde médicos, engenheiros, juízes, idosos, e o cidadão comum. “Tenho muitos clientes que fazem muitos quilómetros para cá chegarem”, e isso deixa-a “orgulhosa, pois é um sinal que acreditam na qualidade do produto que vendo”.

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3871 de O Re­gi­onal,
pu­bli­cada em 23 de dezembro de 2021

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