Sociedade

Rostos sem Máscara: 56 - Luís Carola: “Trabalhar em pneus implica paixão e sujar as mãos”

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Qualidade de serviço e dedicação ao que faz é, na opinião Luís Carola, o segredo do sucesso da profissão, que agarra há 45 anos, depois de chegar de Angola.

Luís Carola agarrou o negócio dos pneus pouco tempo depois de chegar de Angola e o convite surgiu de um amigo em S. João da Madeira que queria ir para a Venezuela e que trabalhava neste ramo.
Estávamos em 1978 quando tudo isto acontece.  Durante muitos anos foi conhecido como o “retornado dos pneus” e ainda hoje tem dificuldade em definir a profissão. Luís não sabe se há algum nome mais pomposo para definir aquilo que faz. “Isto é um negócio de pneus. O termo é esse”, enfatiza.
Luís pautou ao longo dos anos pela qualidade e pelo bem servir dos seus clientes e aponta como “grande concorrente” a venda de pneus usados que “vêm de fora e que as pessoas continuam a comprar porque são mais baratos” alertando que muitas pessoas “não se preocupam” em ter um pneu de qualidade, pois “querem é gastar o menos possível”, o que diz em parte entender porque as pessoas não têm dinheiro. “Eu no meu caso tento desviar as pessoas da compra desses pneus. Eu não vendo pneus usados. Está fora de questão. Prefiro vender pneus chineses do que usados”, graceja. O senhor Carola conhece os pneus como ninguém e por isso explica que normalmente os pneus que vêm de fora, geralmente oriundos da Suíça ou Alemanha “tem a agravante” de andarem na neve com sal. “São pneus normalmente fabricados para andar a temperaturas inferiores a seis graus e vêm para aqui para andarem a temperaturas de 25 a 30 graus Celcius. Conclusão, as lonas são de aço, partem e ficam defeituosos e depois as pessoas não seguram os carros”.
Realizado e feliz naquilo que faz, aponta como menos positivo o facto de “trabalhar com pneus suja muito as mãos e a roupa” razão pela qual diz ter dificuldade em encontrar pessoas que ali queiram trabalhar. “Chegam aqui e ao fim de dois dias vão-se embora, porque isto não é aquilo que eles querem e pensavam da profissão”. trabalho até poder. “A minha ginástica diária é feita aqui”. Chega todos os dias antes das nove da manhã e nunca abandona o local de trabalho antes das 19 horas, com a mesma satisfação de dever cumprido”.
Uma das marcas da sua casa são os “famosos” periquitos que dão música todo o dia. “Fazem parte do barulho da casa, sim, senhor. Já estão ali há muitos anos e fazem parte deste nosso mundo”, rematou.

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