Sociedade

Rostos sem Máscara - 54 - Luís Santos: o Pai Natal que veste a mítica personagem há 14 anos

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Vestido a rigor, com um fato vermelho, barbas brancas e óculos, é impossível não dar pela sua presença nos próximos dias em S. João da Madeira. Fomos conhecer Luís Santos que espalha magia há muitos anos

Há uma pergunta que surge todos os anos. Afinal, quem se esconde atrás do fato de Pai Natal? Descobrimos um. Chama-se Luís Santos, 35 anos, é o Pai Natal de serviço, este ano, na Praça Luís Ribeiro, em S. João da Madeira, onde chega no dia 18, domingo, e ficará instalado numa casa toda enfeitada, com renas à entrada, a proteger quem está lá dentro. É ele quem vai ouvir as histórias dos miúdos, mas, agora, é a vez de contar a sua.
Faz da sua profissão a animação há mais de 14 anos. Há muito que tem a responsabilidade de fazer as pessoas rirem com os truques de magia, que percorrem o país em determinados eventos. Isto de ser ator/animador começou muito cedo no teatro amador, em Fornos, Santa Maria da Feira, e o palhaço dava-lhe asas para voar e enganar a sua timidez. Mas ser Pai Natal é “mágico”. Habituado a representar várias personagens, confessa que, na verdade, “não há nenhuma como o Pai Natal. É muito gratificante, enriquecedor o contacto que tenho com os miúdos e graúdos”, uma vez que “a magia natalícia tem, e deve”,ser mantida e vivida em todas as idades. Os olhos brilham quando recorda as conversas que tem com as crianças. “É fascinante, a forma como olham, falam e sorriem”, razões que o motivam a continuar a levar a magia a todos eles, a cada ano que passa e, no dia 24 de dezembro, até é solicitado a para ir a casa das famílias. “São momentos únicos”, conta Luís Santos.
Vamos voltar atrás no tempo. O menino Luís era uma criança muito tímida, e não conseguia mostrar, na realidade, quem era. “O teatro amador deu-me a possibilidade de ter uma máscara”, que lhe cobrisse o manto da timidez e o fizesse dar as voltas da vida animando os outros. Personagens como palhaço, duende, entre outras, fazia-o sentir a confiança que na sua pele não conseguia.
Claro que este velhinho bondoso ouve sempre os pedidos dos mais pequenos. “As crianças pedem muitos brinquedos, e depois. a partir dos 10 anos. já querem as novas tecnologias. Os meninos sentem uma magia quando veem o Pai Natal, e são estes momentos que me fazem sentir verdadeiramente especial”, enfatiza.
Ao longo destes 14 anos, “a maioria” dos espetáculos para os quais é contratado, são para crianças, e, por isso, o Luís entristece-se com alguns pais que “tiram esta magia do Natal às crianças, dizendo que o Pai Natal não existe”.

“Há quem peça comida, ou um irmão”

Este papel, obriga o Luís a saber lidar com as emoções. “A vida pessoal tem de ficar para trás. Mas, já me emocionei muito, porque há crianças que pedem coisas absolutamente puras, como a paz no mundo. Mas também há quem peça comida, ou um irmão. Há coisas que nos emocionam”.
Estar no terreno leva o animador a fazer visitas a escolas, e ver realidades tristes para as crianças, pois encontra muitas delas, com muitas dificuldades financeiras, e isso é o que mais lhe toca o coração.
Sendo pai, Luís, alimentou o mais que pôde, a magia natalícia ao seu filho até aos 10 anos. Vestia-se de Pai Natal para entregar os presentes à sua família. Quando o filho começou a desconfiar, “fingia entregar a carta que ele tinha escrito” a outro Pai Natal para manter a expetativa. “Nós temos de pensar como uma criança. O Pai Natal é um idoso, mas, é a pessoa mais simpática do mundo, porque nos dá prendas”. “Seria muito importante, que os adultos nos ajudassem a manter o mistério”. Esta é a minha missão, diz Luís. E é mesma missão que o vai levar dia 24 a casa dos meninos, novamente.
Pela sua casa passam sempre crianças de todas as idades, e deixam cartas que as guarda religiosamente. Mas, hoje, prefere falar do “prazer e satisfação” que tem em encarnar o famoso velho de barbas mais conhecido no mundo. Já está habituado a representar várias personagens mas não há nenhuma como o Pai Natal. “É muito gratificante e engraçado este contacto que tenho com os miúdos. Preciso de os cativar logo num primeiro olhar”, conta
Pela sua casa passam meninos de várias idades, e “todos eles são diferentes”. Há quem tenha receio do Pai Natal, e outros que já não acreditam na existência daquele senhor que dá presentes aos miúdos à meia-noite, do dia 25 de dezembro. Ainda assim, o Pai Natal dá uso à sua magia e, apesar do frio que está na Lapónia, consegue quebrar o gelo.

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