Rostos sem Máscara - 4 - “É uma honra fazer parte da história dos caminhos-de-ferro”

Passa muitas horas dentro de uma pequena cabine a controlar a passagem do “Vouguinha” em S. João da Madeira. Ver passar comboios é o que gosta de fazer, apesar de considerar tratar-se de uma profissão muito solitária. “São cerca de oito horas com a nossa própria companhia. Há dias que sabe bem, estamos longe da pressão, usufruindo de calma constante”, mas noutros dias, admite, as horas custam mais a passar.
A paixão por aquilo que faz é visível em cada resposta que dá, sempre acompanhada de um sorriso. “Pretendo tirar o melhor proveito da profissão enquanto a mesma não acabar de vez. É, para mim, uma honra e um orgulho fazer parte da história dos caminhos-de-ferro”.
Na verdade, o gosto pela profissão corre-lhe nas veias desde criança. O pai sempre trabalhou na ferrovia. “Consciencializou-me sempre da importância e perigo da função. A importância em respeitar regras, horários e saber comunicar”, e na verdade cresceu a passear e a conhecer as histórias dos comboios.
O comboio aproxima-se, Fádio mostra ao maquinista a bandeira vermelha e reabre as cancelas, refugiando-se depois na casa da guarda ou o característico contentor, onde costuma matar tempo até à passagem de um próximo comboio. “A bandeira que levantamos, de forma enrolada, serve de mensagem ao maquinista, de que a estação está guarnecida (sob vigilância)”. Em caso de perigo ou acidente, essa mesma bandeira é “desenrolada para alertar a quem dirige o comboio que tem de parar o mesmo. Há outros procedimentos em caso de perigo, mas a bandeira é um aviso que está literalmente mais à mão”, enfatiza.

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3863 de O Re­gi­onal,
pu­bli­cada em 21 de outubro de 2021