Sociedade

Rostos sem Máscara - 15 - “Os homens do lixo ainda são catalogados como uma profissão desvalorizada”

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Vai pendurado num camião, de porta em porta, de contentor em contentor, para recolher o lixo dos outros. Jorge Miguel gosta do que faz, e até diz ser bem pago para isso.

Jorge Miguel tem 32 anos e faz a recolha de resíduos na SUMA – Serviços Urbanos e Meio Ambiente, S.A., empresa que venceu, em 2018, o concurso lançado pela Câmara Municipal de S. João da Madeira, para a “Prestação de Serviços de Recolha de Resíduos Urbanos, Lavagem de Equipamento e Limpeza Urbana”, durante cinco anos.
É, por isso, cantoneiro, uma profissão muitas vezes subvalorizada pela sociedade, além de passar despercebida aos olhos da maior parte da população. Mas, isso não incomoda Jorge que, há quatro meses que sai de casa, todos as noites, até nos dias de festa, para deixar os contentores, que se encontram espalhados pela cidade, vazios.
No seu rosto há um sorriso de jovem com energia e sangue na guelra. Quando era miúdo sonhava mexer com máquinas, “principalmente as de terraplanagem”, sonho esse que cumpriu. Ainda descobriu outra profissão ligada às tubagens de saneamentos. Contudo, o ano passado, inscreveu-se na SUMA, e foi chamado no dia seguinte. “Trabalho na recolha de lixo dos contentores e nos ecopontos. E temos a varredora automática e manual”. A cada assobio, o homem que conduz a que, vulgarmente, chamamos de camião do lixo, segue viagem com os dois homens, atrás, posicionados para colocar os contentores no lugar certo, e, assim, de forma mecanizada ser esvaziado e ir, novamente, para o seu lugar.
Os passeios ficam limpos, os contentores vazios a missão cumprida horas a fio.  “Aceitei este trabalho, por necessidade, e desta forma posso abraçar a cidade, cuidando dela, e dando-lhe uma nova vida, limpa a cada dia”, enfatiza.

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3875 de O Re­gi­onal,
pu­bli­cada em 20 de janeiro de 2022

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