Sociedade

Poder Local enaltecido e valorizado na Sessão Comemorativa de abril

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S. João da Madeira nos últimos 50 anos, nas suas variadas vertentes e a análise comparativa do antes e depois, perspetivando o futuro, marcou a generalidade das intervenções que ocorreram na Sessão Comemorativa do 25 de abril.

A vivência democrática da cidade, o extraordinário percurso do Poder Local ao serviço do desenvolvimento de uma terra e de um povo, assim como a preocupação em não esquecer os valores de Abril, para a construção do futuro, foram os aspetos mais salientados nos diferentes discursos que se puderam escutar. A assistir esteve bastante público, autarcas, munícipes e convidados que ouviram de todos os intervenientes os mais rasgados elogios aos valores implícitos à Revolução dos Cravos.
Inicialmente discursou brevemente a representante da Assembleia Municipal Jovem, Alice Santos, que referiu que nesse dia se comemoravam 50 anos do “fim da opressão, da ditadura, e de um regime autoritário”, que marca “um novo começo de liberdade e democracia”. Esta não é apenas “uma data vazia”, segundo a jovem é sim uma data “cheia de vidas, a minha, as vossas, bem como as vidas de todos os que contribuíram para a sua conquista”. Incentivou por isso os jovens a “desfrutar e beneficiar desta liberdade”, para melhor “relembrar” a sua importância para o “bem das gerações futuras”.
Após um momento teatral e musical protagonizado pelo Agrupamento de Escolas Serafim Leite, foi altura para a representante do Bloco de Esquerda, Eva Braga, usar da palavra. A deputada ressalvou que foi “precisamente há 50 anos que deixamos de viver no passado” e passamos a “caminhar em direção ao futuro”, demarcando que o seu discurso seria dedicado às “mulheres”.
“Para as mulheres de Portugal (…) para as mais novas, velhas, imigrantes, negras, brancas, trans (…)”, elencou, afirmando que elas são o símbolo da luta “pela igualdade, pela liberdade, autodeterminação”. No fundo, que foram as “gerações de mulheres que lutaram por estes princípios e por eles foram perseguidas nos tempos mais sombrios que Portugal viveu”. Os direitos das mulheres “estão em risco” lembrou, por isso “não é tempo de descansar, é tempo de lutar”.
Dulce Bizarro, da CDU, lembrou que a Revolução Democrática Portuguesa, “ao contrário de outros processos de democratização que lhe foram contemporâneos”, fez-se por “rutura total com o passado”, e sem “pactuar com o regime e as classes dominantes que o suportavam”. Como salientou, o 25 de Abril foi a “consequência lógica da resistência antifascista”, de “homens e mulheres” que lutaram “pondo em risco a sua integridade física”, e até a “própria vida”, sem, em “momento algum, terem a certeza que a ditadura acabaria”. Para a autarca, celebrar abril é também assinalar e afirmar “o Poder Local democrático”, como uma das suas conquistas, uma vez que foi pela “ação revolucionária e transformadora das populações” que o aparelho “fascista de administração local”, foi substituído por “órgãos de poder provisórios”. Estes legitimados pelas “populações” e, consequentemente, se “desenhou um poder autónomo novo que veio merecer consagração na Constituição da República”. Concluiu, relembrando que comemorar abril é “defender o Poder Local” no que tem de mais “avançado e democrático”, nas suas expressões de “participação, pluralidade e colegialidade”.
Paralelamente, Cláudia Santos, do CDS, evocou aos presentes que “ainda há desafios a enfrentar”, pois a “desigualdade persiste”, a “corrupção mina a confiança nas nossas instituições”, e a “polarização política ameaça a coesão da sociedade”. Deste modo, disse ser fulcral não ficarmos “indiferentes perante essas injustiças”, e que temos o “dever de continuar a lutar pela justiça, igualdade e dignidade de todos os portugueses”, reafirmando o nosso compromisso com “os valores que inspiraram a Revolução”.
No âmbito nacional, a “participação cívica” e o “debate democrático” são fundamentais para “garantir” a “consolidação da democracia”, em Portugal, e para “construir um futuro mais justo e próspero” para todos os cidadãos, elencou a democrata, não esquecendo o desafio que temos pela frente ligado “aos extremismos que minam a democracia, tal como a conhecemos.” “A estabilidade política e o diálogo entre as diferentes forças políticas são essenciais para o progresso e o bem-estar coletivo em Portugal”, acrescentou.

“Comemorar abril é defender o Poder Local no que tem de mais avançado e democrático”

Em representação do PSD, Gonçalo Fernandes frisou a obrigação que temos como sociedade em “reconhecer o quão difícil foi viver num contexto de ditadura” e, mesmo assim, “sonhar” com a democracia “construindo-a palmo”, durante “longas caminhadas feitas de esperança e de combate”. Ao mesmo tempo, sonha com uma cidade “desenvolvida”, e que “participe ativamente na construção do nosso país”, que não esqueça a “justiça social” e que “não deixe ninguém para trás”.
O jovem lembrou precisamente que foram os “jovens que há 50 anos e com a sua força e determinação” que moldaram o nosso país. “50 anos depois somos nós que vamos moldar o nosso futuro”, assegurou. Além disso, destacou que Portugal “não tem de ser isto, pode ser muito mais”, cabendo a nós “lutar por isso”, tendo “esperança”, e acreditando no nosso país.

Poderá ter acesso à versão integral deste artigo na edição impressa n.º 3986, de 2 de maio de 2024 ou no formato digital, subscrevendo a assinatura em https://oregional.pt/assinaturas/
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