A falta de assistentes operacionais em várias escolas de S. João da Madeira preocupa encarregados de educação, que criticam a Câmara Municipal por demorar a resolver um problema recorrente de anos anteriores.
Há falta de Assistentes Operacionais (AO) nas escolas. A garantia é de encarregados de educação, da direção de alguns agrupamentos, a que se juntam ainda as vozes de Assistentes Operacionais das escolas.
Em declarações a 'O Regional’, um pai de uma aluna de 13 anos, que pediu reserva de identidade, revela o “stress constante” a que a filha tem estado sujeita, desde o ano passado, no interior da escola. “Há alunos rebeldes e mais velhos que se aproveitam dos mais frágeis, fazem bullying, e foram várias as vezes a que a minha filha não se divertia no recreio como queria”, tudo isto porque “não há profissionais suficientes para estarem por perto, evitando estas situações”, revela.
Diz que este é um assunto que não é novo. “Sentir que a minha filha está com medo na escola e que só se sente segura na sala de aula, ou quando está junto de colegas é revoltante”, tudo isto garante porque “o rácio de AO, uma responsabilidade da Câmara Municipal, não está a ser cumprido”, uma situação que, segundo este encarregado de educação, já se verificava no ano letivo anterior. “Já reclamei junto da autarquia, que alega ter muitos operacionais de atestado”, uma justificação que diz não aceitar, uma vez que “é necessário salvaguardar os alunos dentro da escola e não sobrecarregar estes profissionais, que todos os dias dão o seu melhor, tentando chegar a todo o lado”, enfatiza. Outro encarregado de educação lembra que esta é uma situação que afeta todas as escolas no país, e a prova disso “é a greve que já se fez” e a que está já agendada. “Na escola do meu filho também se sente”, e não esconde a preocupação pois “são crianças muito pequenas”. No entanto, diz verificar que “entre funcionários conseguem assegurar as falhas, desde que não sejam longas”.
Do lado dos AO a desilusão também é visível. 'O Regional' falou com alguns destes profissionais, que também pediram anonimato. Garantem ter dias em que o “trabalho é redobrado pela ausência de colegas que se encontram doentes ou em regime de substituição”. “Se estamos num lado, não podemos estar no outro”, e a “vigilância, por vezes, não é a que queríamos”, assegura uma profissional de um Jardim de Infância. Outra das assistentes vai ainda mais longe: “As escolas têm muitos alunos, e é isso que as entidades competentes não têm atenção. Somos poucas”, explica. A profissional acrescenta que atualmente as escolas mais afetadas pela falta de profissionais neste momento são a escola Oliveira Júnior, Parque, Fundo de Vila e João da Silva Correia. “Esta semana a Câmara Municipal já colocou duas colegas, mas ainda faltam mais de 12”, assegura uma AO.
13 assistentes operacionais de baixa médica prolongada
A Câmara Municipal assegura que, em articulação com as Divisões de Recursos Humanos e da Educação, tem vindo a dar cumprimento a todos os pedidos de substituição que são feitos chegar pelos Agrupamentos Escolares. “A determinação do recrutamento é imediato e exarado por despacho do presidente da Câmara Municipal sendo, depois, proposto que a autarquia delibere ratificar, ao abrigo do disposto no n.º 3 do artigo 35.º do Anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na primeira reunião realizada após o mesmo”, refere a Vereadora da Educação. Uma informação não partilhada por AO e encarregados de educação. “Já o ano passado sentimos falta destes profissionais. Este ano o cenário repete-se, e a prova disso é que estão a ser colocados aos poucos”, reforça o encarregado de educação.
Irene Guimarães, explica também a 'O Regional' que, atualmente, se encontram, 13 assistentes operacionais de baixa médica prolongada, por mais de 30 dias. “Perante estas situações, a autarquia garante essa substituição. Existe uma reserva de recrutamento para satisfazer necessidades temporárias do pessoal não docente, por motivos de baixas médicas prolongadas, tanto por doença como por gravidez de risco, acidentes de serviço, licenças parentais”. A responsável diz ainda que, por decisão politica assumida no ano de 2018, anteriormente à Transferência de Competências na Área da Educação, “anualmente, são contratados mais 5 assistentes operacionais (para além do rácio), com o objetivo de garantir a segurança e o acompanhamento das crianças, indo ao encontro das necessidades dos Agrupamentos de Escolas, excedendo, assim, o número de postos de trabalho previstos no mesmo”.
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