Sociedade

Rostos sem Máscara - 21 -“Orgulho-me muito da minha profissão”

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Foi vista, durante muitos anos, como uma profissão associada ao sexo masculino, que espantava quem entrava num autocarro ao comando de uma mulher. Sónia Santos quis ser uma referência para outras mulheres e diz que esse estigma não existe.

Quem circula em S. João da Madeira e utiliza os autocarros dos Transportes Urbanos do Município de S. João da Madeira (TUS) está cada vez mais habituado a encontrar uma mulher ao volante. Um paradigma cada vez mais evidente e são na verdade cada vez mais as mulheres a trabalharem como motoristas de transportes públicos.
É para muitos uma profissão que ainda é vista como um trabalho para homens. Sónia Santos, de 46 anos, é uma dessas mulheres que está a contribuir para quebrar esses preconceitos. “Não há trabalhos só para os homens. Isso acontecia com os colegas mais antigos. Esta nova geração já não pensa dessa forma. Fui logo aceite como mulher motorista, senti sempre uma interajuda muito grande de todos os colegas”, enfatiza.
Anda nisto há quase 13 anos, para trás e para a frente, principalmente nas artérias de S. João da Madeira. E tudo isto porque a Transdev, empresa onde trabalha, no Centro Coordenador de Transportes, lhe lançou o desafio para tirar carta de pesados.
“Deram-me a oportunidade de tirar carta de pesados, e de ficar a trabalhar como condutora de pesados. Estou eternamente grata. Orgulho-me muito da minha profissão. Sou uma pessoa muito felizão volante”, assume.
Sónia conduz, essencialmente, o TUS, um transporte que considera ser “uma mais-valia” na cidade que transporta, diariamente, “mais de duas centenas de pessoas”. Os seus passageiros são essencialmente idosos e estudantes. Este transporte, que é gratuito, veio, na sua opinião, trazer uma maior “independência” a muitas pessoas, principalmente para os idosos. Com o transporte, tratam das suas obrigações, sem ter que depender dos familiares, uma independência muito “importante para estas pessoas”.
Antes de conduzir veículos pesados, Sónia Santos trabalhou 19 anos numa empresa de tecelagem em S. João da Madeira e conciliava o trabalho com os estudos. “Sempre que via uma mulher ao volante de um pesado, aquilo fascinava-me, e até quase me desafiava. Lutei, e hoje sou uma dessas mulheres”.

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3881 de O Re­gi­onal,
pu­bli­cada em 3 de março de 2022

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