O investimento de cerca de 2,5 milhões de euros (acrescido de IVA) numa das zonas de maior confluência de tráfego da cidade, com fundos europeus no âmbito do Portugal 2030, tem como objetivo melhorar as condições de acessibilidade e de mobilidade, estando também contemplado o tratamento urbanístico e paisagístico dessa área, “de forma a valorizar o espaço público”. Em concreto, a intervenção contemplará a criação de uma nova rotunda a nascente da atual, na outra margem do rio Ul, sendo ainda proposta a requalificação urbana de toda essa zona, onde surgirá também um novo espaço de lazer e estadia, além de passeios mais largos, percursos mais acessíveis e ciclovias.
No entanto, apesar da reabilitação ser necessária, o vereador da oposição Tiago Correia manifestou preocupação sobre a questão do estacionamento. “O grande problema de S. João da Madeira não é durante o dia; é à noite. As pessoas têm duas viaturas; uma estaciona na garagem, outra estaciona cá fora”, exemplificou. “Sabemos que aquela zona tem uma série de serviços que ocupam aqueles lugares todos de estacionamento”, observou, acrescentando: “O que tem sido feito é acabar com o estacionamento na cidade. No centro da cidade, foram cerca de 100 lugares de estacionamento. Na Avenida do Brasil, vão ser mais 50. Aqui [Lugar da Ponte], mais 50… estamos a falar de cerca de 200 lugares de estacionamento.”
Em complemento, o vereador João Almeida considerou que a Câmara Municipal “deve proporcionar soluções equilibradas”, mas “não deve querer educar os cidadãos”. “Obrigar os cidadãos a não terem automóvel não é uma função da Câmara”, comentou. “Dizer aos cidadãos que, se quiserem ter automóvel, a vida deles em S. João da Madeira vai ser um caos – não só já não conseguem parar nas zonas comerciais, como agora também muitos deles vão ter dificuldade em parar nas suas zonas residenciais –; do nosso ponto de vista, este não é o caminho”, declarou, realçando que a intenção da coligação não é condicionar o projeto, mas sim encontrar “uma solução de estacionamento que não reduza aquele que hoje em dia existe”.
O presidente da autarquia sanjoanense salientou que o Lugar da Ponte foi alvo de um estudo efetuado por uma entidade especializada, que realizou estudos de tráfego no terreno com modelos computacionais para encontrar “a solução adequada”. Jorge Vultos Sequeira recordou que esses estudos foram objeto de análise numa sessão pública que decorreu no Museu da Chapelaria e que, após essa sessão, os moradores da zona abrangida foram convocados por carta, uma vez que podiam não ter estado presentes na sessão pública. Já no Fórum Municipal, a empresa apresentou o projeto. Após a contextualização da empreitada, o edil considerou que, para o projeto contar com determinadas características de resolução de problemas, os lugares de estacionamento são invariavelmente afetados. “Para os moradores que fiquem privados de lugar de estacionamento, a Câmara irá disponibilizar dísticos para estacionamento gratuito”, assegurou Jorge Vultos Sequeira, dando como exemplo o estacionamento existente na Rua da Liberdade e na Avenida do Vale. “Esta conversa com os moradores foi muito clara, franca e transparente. Creio que atingimos uma plataforma satisfatória de entendimento com esses moradores”, partilhou.
Mediante as explicações do autarca, o vereador Tiago Correia considerou que o facto de a Avenida do Vale ter uma bolsa de parque “não é solução”. “A distância de um sítio ao outro não é solução. Uma coisa é explicarmos e darmos as soluções. Outra coisa é a realidade”, afirmou. “É bom gerir estas questões com os moradores. No entanto, [é de] alertar para a questão da realidade no dia a dia e o conflito que isso vai gerar entre as pessoas que vivem e as pessoas que querem ir aos serviços dessa zona; vai ser um problema grave”, concluiu.