Sociedade

“Não tomemos por adquirida a liberdade que conquistamos com Abril”

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Foram diversas as mensagens deixadas pelas forças políticas representadas na Assembleia Municipal na sessão solene do 25 de Abril. A Revolução dos Cravos cumpriu-se há 49 anos, mas há ainda caminho para percorrer.

Quase 50 anos depois da Revolução dos Cravos, não se podem ignorar os perigos que ameaçam a democracia. A ideia esteve bem presente em vários discursos da sessão solene do 25 de Abril, que arrancou com o hastear das bandeiras e uma atuação do Coro de Câmara de S. João da Madeira.
O presidente do município, Jorge Sequeira, lembrou os que contribuíram para pôr fim à ditadura, prestando tributo aos militares de Abril, aos “sanjoanenses que lutaram pela liberdade”, aos quatro cidadãos assassinados pela PIDE durante a revolução, e ao General Humberto Delgado. “Quando perguntado sobre o que faria a Salazar se ganhasse as eleições presidenciais”, lembrou o edil, a resposta de Humberto Delgado foi pronta: “Obviamente, demiti-o”. “Foi isso que também disse o povo de S. João da Madeira, quando atribuiu a vitória a Humberto Delgado naquelas eleições de 1958 e é por isso que a cidade o homenageará”, frisou.
E porque “não há futuro sem memória”, o edil realçou a presença da presidente da Assembleia Municipal Jovem de S. João da Madeira na sessão (ver texto secundário), enfatizando também o trabalho levado a cabo nas escolas sobre o 25 de Abril. “A formação cívica e política dos mais jovens”, fundamentou o edil, é a melhor forma de “combater o populismo, a desinformação e a extrema-direita”.
O autarca evocou o conflito em solo ucraniano, que pisou na semana passada no âmbito da Cimeira Internacional das Cidades e Regiões, para lembrar “que a paz e a liberdade não são mesmo definitivas”. “Os fascistas não desapareceram com o 25 de Abril. Apenas ficaram, momentaneamente, sem representação política ativa e relevante, em suspensão a aguardar uma nova oportunidade. É nosso dever não lhes dar essa oportunidade”, rematou.

“A igualdade salarial tem de ser uma das maiores conquistas da democracia”

Já Leonardo Martins (PS) sublinhou a importância de lembrar “o que foi verdadeiramente o Estado Novo”, sobretudo junto dos mais novos. As memórias da ditadura, defendeu, “devem ser avivadas, sem adornos, para combater a extrema-direita que está viva e que se alimenta do populismo, mas, sobretudo, do desconhecimento”. Lembrando a guerra colonial, onde 10 mil jovens portugueses perderam a vida, Leonardo Martins apontou ao conflito no leste da Europa para destacar o “lado menos visível” da guerra: “o lado de quem fica à espera do regresso”. “Sobretudo as mulheres”, apontou o deputado, que de seguida lembrou o período negro que estas viveram em ditadura, os direitos conquistados em Abril, mas também o caminho que há ainda a trilhar. “Se a igualdade social das mulheres em termos jurídicos é mesmo uma das maiores conquistas do 25 de Abril, a igualdade social das mulheres em termos práticos, inclusive a igualdade salarial entre géneros, tem mesmo de ser uma das maiores conquistas da nossa democracia”, disse.

“Cumprir Abril é também concretizar uma cidade moderna e competitiva”

Para Marcos Fernandes (PSD) importa manter vivo o 25 de Abril por duas razões: “preservar a memória histórica e fortalecer a democracia”. “O progresso e desenvolvimento do território nacional” nas últimas décadas em muito se deve aos municípios, mas S. João da Madeira, realçou o deputado, tem vindo a perder terreno para concelhos vizinhos. “Temos saudades da reputação que S. João da Madeira tinha de ser considerada das melhores cidades do país, de ser cidade de referência”, referiu, sublinhando que “cumprir Abril é também concretizar uma cidade moderna e competitiva”. “É preciso rever antecipadamente necessidades, inovar nos projetos e criar um ambiente propício ao desenvolvimento da cidade. Não podemos estar estagnados, enquanto outros avançam”, denotou o deputado, concluindo: “Sintam-se livres por isso para ousar, para concretizar, para executar, para querer mais e melhor para São João da Madeira”.

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