A Misericórdia de S. João da Madeira viu o relatório de contas ser aprovado naquela que foi a primeira Assembleia Geral do mandato 2021-2024.
A assembleia-geral da Misericórdia reuniu-se, na última sexta-feira, dia 11, naquela que foi a primeira vez sob presidência de Manuel Castro Almeida, que distinguiu na abertura os seus antecessores, Manuel Guerra e José da Silva Pinho, “pelas referências abonatórias” que são. Tendo como assunto principal o Relatório & Contas de 2020, de cuja apresentação ressaltou o “dinamismo” da instituição, evidente na extensão da atividade à freguesia oliveirense de Nogueira do Cravo-Pindelo, e na realização de dois investimentos estruturantes, apoiados pelo Norte 2020, a centralização das cozinhas e a requalificação do Lar de Idosos São Manuel.
O Provedor José Pais Vieira lembrou os impactos da pandemia Covid-19 na instituição, endereçando palavras de “conforto e de solidariedade” aos familiares dos utentes vítimas da infeção, para quem foi realizada “uma ação social silenciosa: a distribuição de alimentos”. Este foi o assunto maior do ano, refere o Provedor. “Pelas vítimas, pelas alterações ao funcionamento das respostas sociais, com influência na qualidade de vida dos utentes”. Os gastos financeiros da instituição “aumentaram muito”, e a procura de apoios por indivíduos e famílias, também.
Relativamente à Cantina Social, a instituição “distribuiu mais 90% de refeições face a 2019, passando de 18 450 para 34 934, ato possível” com o apoio da Câmara Municipal de S. João da Madeira. A entrega de alimentos secos para confeção (PO APMC), passou a atender 260 indivíduos, mais 100 do que no ano anterior. E o encaminhamento de doações alimentares por hipermercados do concelho aumentou em cerca de € 80.000.
“Esta dimensão assistencial é silenciosa na Misericórdia, porque menos reconhecida publicamente, mas é um número muito significativo”, salientou, por sua vez, Castro Almeida, conferindo uma rede de amparo social incontornável em contexto de pandemia. Já antes o provedor tinha reforçado o lema “servir bem as populações, especialmente os mais necessitados”.
Nas contas de 2020, a pandemia também “se evidenciou de modo dual”: enquanto os equipamentos residenciais foram muito penalizados, principalmente os lares de idosos, os equipamentos não residenciais conseguiram equilibrar-se do ponto de vista económico-financeiro. “O resultado líquido consolidado foi negativo, em € 172.868, mais € 33.000 do que em 2019, mas com o agravamento assente no aumento das amortizações, que foi de € 145.194, por efeito da revalorização do património edificado”.
Ou seja, “a pandemia não impediu que o EBITDA e os Meios-Libertos, indicadores que não recebem o impacto das amortizações, melhorassem mais de € 112.000, persistindo (ambos) positivos, bem acima de € 300.000, situando-os entre os melhores dos últimos 20 anos”. A finalizar o assunto das contas, foi referida na Assembleia a “reestruturação do passivo contratado em instituições de crédito”, permitindo a extensão de prazo, o abaixamento da taxa de juro média, a redução do património onerado com garantias hipotecárias, e a redução do esforço da tesouraria com prestações financeiras.
Apesar de todas as dificuldades, a pandemia “não impediu” o crescimento da atividade social, como foi explicado a propósito da extensão a Nogueira do Cravo, onde a Misericórdia passou a gerir mais três respostas sociais. Crescimento evidenciado no “volume de negócios”, que superou os € 6.645.000, mais 3,5% do que em 2019. A instituição atingiu – no domínio da Ação Social – “o maior patamar da sua centenária história, século que completa”, justamente, em 2021.