Victor Costa, convidado pelo autarca sanjoanense para comissário das comemorações do Dia da Cidade, defendeu que S. João da Madeira tem hoje “estruturas culturais enraizadas e com valor único no país e no estrangeiro”. Disse ainda que “está na hora” de internacionalizar esta oferta cultural. “Temos potencial para isso. É preciso investir, dotar as instituições dos meios necessários e afirmar a cidade no panorama internacional”.
O pintor assumiu também no 41.º Aniversário de Elevação de S. João da Madeira a Cidade ser fundamental reconhecer que a cultura e a arte “devem estar no centro das estratégias de desenvolvimento económico, artístico e social”. “Numa cidade periférica como S. João da Madeira, estas são linhas estruturantes para o futuro. A cultura não é apenas um bem simbólico; é um motor de inovação, de coesão social e de criação de valor económico. É nas cidades, que sabem integrar cultura, conhecimento e indústria, que surgem os verdadeiros exemplos de modernização e crescimento sustentável”, garantiu o comissário das comemorações. Defendeu também que a ideia, “há muito perseguida”, de dotar a cidade de uma instituição de ensino superior, que “não deve ser abandonada, com reconhecido potencial para impulsionar o seu desenvolvimento”.
Durante a cerimónia, Víctor Costa defendeu a importância de retomar e aprofundar a aposta num Curso de Design de Produto, dando continuidade ao protocolo celebrado entre o Centro de Arte e a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. O objetivo, recordou, passava pela criação de um curso sediado em S. João da Madeira, com a colaboração entre as Belas Artes e a Engenharia, “à semelhança do que acontecia com os países nórdicos”.
“Porque não retomar esta iniciativa e fazer dela um motor de desenvolvimento local?”, questionou, sublinhando o potencial da articulação entre arte, design e indústria.
Lembrou que “a Arte e a Cultura não estão à margem da vida económica de uma cidade”, salientando que essa premissa se aplica ainda com mais força a S. João da Madeira, “marcada por uma forte tradição industrial”. “A indústria transforma matérias-primas; a arte transforma ideias e sensibilidades. Ambas criam valor e impulsionam o tecido económico”, afirmou, reforçando que estas áreas são “fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade”.
O responsável enfatizou também que “investir em arte e cultura não é um luxo. É uma estratégia de crescimento e de modernização”, destacando que estas áreas “articulam-se com vários domínios: da valorização regional à reabilitação ambiental, da regeneração urbana à promoção de atividades económicas, da inclusão social à criação de emprego”.
“A cultura gera valor, não apenas simbólico. Atrai visitantes, inspira novos negócios criativos e contribui para a renovação do espaço urbano”, acrescentou.
Durante a cerimónia, foi ainda exibido um vídeo com diversos projetos desenvolvidos por Vítor Costa, enquanto comissário do 16 de Maio. Entre os exemplos destacados, evocou um episódio marcante: o convite feito por Manuel Castro Almeida, então presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, para assumir a responsabilidade da Direção do Núcleo de Arte da Oliva (CAO).
“O meu compromisso era arrancar com o projeto e, logo que estivesse em movimento, desligar-me. Foi isso que aconteceu. Um ano depois deixei a Direção do Núcleo e do Centro de Arte.”
Agente “Tonecas” recebe Medalha de Mérito Municipal em Ouro
A entrega da Medalha de Mérito Municipal em Ouro ao agente José António Pereira Rodrigues, carinhosamente conhecido por “Tonecas”, foi um dos momentos mais marcantes da cerimónia. “Estou em S.João da Madeira há cerca de 30 anos. Cheguei aqui no dia 26 de maio de 1996. Vou-vos dizer uma coisa: só saio daqui quando morrer.”
Visivelmente emocionado, rodeado pela família, colegas e muitos amigos, o agente da PSP da esquadra de S. João da Madeira foi distinguido pelo seu contributo excecional para a segurança e bem-estar da comunidade local.
“Não me vou esquecer deste momento”, afirmou o homenageado, reconhecendo que o mérito da distinção não lhe pertence exclusivamente. Num discurso emotivo, agradeceu ao superintendente Caetano por o ter escolhido para integrar o programa Escola Segura. “Eu continuo a dizer que foi a pessoa com o olho mais aberto na polícia, porque escolheu-me a mim”, disse, gracejando.
Na sua intervenção, destacou ainda o trabalho do subintendente Carlos Duarte, descrevendo-o como “um homem que dinamizou, um homem que fez muito pela Escola Segura”, referindo que muitos dos projetos lançados localmente foram replicados a nível nacional — um motivo de orgulho para todos os envolvidos.
O agente não esqueceu a colaboração dos diretores dos Agrupamentos Escolares, com quem tem colaborado ao longo de mais de 25 anos.
Num registo mais pessoal, dirigiu palavras de gratidão à família, reconhecendo os sacrifícios que o seu envolvimento na comunidade tem representado em casa. “A minha família é que perde”, confessou, referindo-se ao tempo que dedica às escolas e à sociedade sanjoanense.
A encerrar o seu discurso, deixou uma mensagem de confiança. “S. João da Madeira é uma cidade segura, uma cidade que pode receber muita gente”,
Autarca destaca captação de investimento e de população
No seu discurso, o presidente da Câmara destacou a “decisiva a captação de investimento” para a cidade, começando por elencar um conjunto de empreendimentos do setor privado e social em S. João da Madeira. Mais adiante, deixou mesmo uma novidade: “um operador internacional de autocarros de longa distância” irá disponibilizar, a partir do final do corrente mês, “ligações a destinos como Barcelos, Esposende, Póvoa do Varzim, Vila do Conde, Porto (aeroporto e Campanhã), Santa Maria da Feira e Coimbra”.
Jorge Vultos Sequeira realçou também que S. João da Madeira é “uma cidade que atrai e fixa pessoas, acolhendo todos com abertura e igualdade, e que, nas suas escolas, integra 731 estudantes estrangeiros oriundos de 34 países diferentes, número que, em 2019, era apenas de 63”. Trata-se, nas suas palavras, de “uma oportunidade única de enriquecimento humano e cultural e de prosseguimento do nosso constante trajeto de progresso”.
Durante a sua intervenção, o edil enumerou igualmente o que classificou como “importantes investimentos municipais”, resultantes de “um elevado aproveitamento dos fundos comunitários”. No âmbito do Portugal 2020, revelou que “o Município conseguiu mais de 15 milhões de euros de financiamento”, aos quais se somam cerca de 20 milhões de candidaturas já aprovadas no quadro do PRR. “E já estamos focados no Portugal 2030, quadro comunitário recentemente aberto, ao qual já candidatamos projetos municipais no valor de cerca de 13 milhões de euros”, adiantou.
Estão contempladas nesses financiamentos novas intervenções como, por exemplo, a requalificação da Avenida do Brasil, do Lugar da Ponte e do Pavilhão Paulo Pinto, além da construção de um novo Ecocentro. As candidaturas ao Portugal 2030 visam igualmente a Modernização Digital Município, a cultura, o sucesso educativo e o reforço de meios da Proteção Civil e dos Bombeiros ao que “acrescerá um investimento de cerca de 2 milhões de euros na eficiência hídrica e na melhoria da rede de saneamento”.
Por outro lado, o autarca revelou também que a obra das novas piscinas municipais “será concretizada por fases”, tendo por base o projeto do arquiteto Souto Moura, que se encontra em processo de “revisão e atualização”, de maneira a “ajustá-lo às mais recentes normas e regulamentos”.
Jorge Vultos Sequeira endereçou ainda palavras de saudação aos homenageados neste Dia da Cidade, o Pintor Victor Costa e o Agenda da PSP José António Pereira Rodrigues, “duas pessoas a quem a nossa comunidade muito deve, pelo contributo dado para a formação de muitos sanjoanenses de várias gerações”.