Histórias de quem vive dependente de uma máquina

A rotina repete-se três vezes por semana. Não por gosto, interesse ou vontade, mas porque a doença assim obriga, prendendo-os a uma máquina há muitos anos. Muitos sanjoanenses são o exemplo vivo de quem lida diariamente com insuficiência renal

Há muitas pessoas em S. João da Madeira que todos os dias convivem com a doença renal crónica. Cada uma tem uma história diferente para contar. Uns fazem o tratamento numa clínica, outros em casa, e há mesmo quem tenha feito já o transplante. Todos, na verdade, parecem ter uma coisa em comum: tiveram de ultrapassar desafios e superar a adversidade para viverem vidas ativas, completas e mais felizes.
S. João da Madeira tem um centro de hemodiálise há vários anos. Apesar de várias tentativas, a direção da “Centrodial” optou por não prestar declarações a ‘O Regional’, mesmo explicando que o grande objetivo era dar a conhecer a realidade destas pessoas que lidam de perto com a doença.
As portas deste espaço abrem cedo, mas o corrupio dos doentes começa muito antes. Uns, porque vêm de mais longe e, por isso, saem de casa ao início da manhã, outros querem ser dos primeiros, e até esperam que se abram as portas, para ficarem livres para o resto do dia.
A prática quotidiana, nestes espaços, torna os utentes uma “família”. Segundo apurámos, provenientes de S. João da Madeira chegam vários que, três vezes por semana, recorrem aos tratamentos. A juntar a estes, mais de uma centena vêm de concelhos vizinhos. Para evitar deslocações semanais ao centro, há também utentes em S. João da Madeira que preferem fazer os tratamentos, comodamente, através do programa de hemodiálise domiciliária (diálise peritoneal), um tratamento em que, segundo se sabe, os custos são apenas relativos ao gasto de água e energia elétrica, mas requerem “alguma experiência” por quem os pratica.

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3851 de O Re­gi­onal, pu­bli­cada em 8 de julho de 2021.