Sociedade

Há sanjoanenses a serem enganados com burla no WhatsApp conhecida por “olá mãe, olá pai”

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Receberam mensagens como se fossem dos filhos. Pedem uma transferência de dinheiro, dão conta que perderam o telemóvel e que o número é novo. Sanjoanenses estão a ser vítimas de burla do “falso familiar” através de mensagens no WhatsApp.

Ana Luísa, João Oliveira e César. Os três sanjoanenses receberam mensagem nos últimos dias pelo WhatsApp, como se fossem dos filhos a solicitar uma transferência urgente. “A mensagem até fazia algum sentido, uma vez que a minha filha, que está a estudar na universidade, tem andado com vários problemas no telemóvel e até já falamos em comprar um”, refere João Oliveira de 38 anos. “Olá, pai, guarda o meu contacto novo, este é agora o meu novo número. Mudei de telemóvel, e mensagem questionava mesmo se eu estava bem”, revela a ´O Regional’, longe de imaginar que estaria perante uma burla designada por “Olá mãe, olá pai”. João respondeu de imediato mas a resposta chega meia hora mais tarde a solicitar ajuda para a realização de uma transferência superior a mil euros. “Fiquei preocupado e liguei mas não atenderam. Pensei, por momentos, que se tinha metido em alguma alhada e que estava sem dinheiro”, assume.
Deu conta que ia proceder à respetiva transferência, “uma vez que tinha o nib” da filha e estranhou quando recebe uma mensagem a dizer que teria de ser para outro número que não o dela. “Aí achei estranho e respondi que só transferia quando ela atendesse o telefonema”, e as mensagens “ficaram por ali”.

“Tudo parecia fazer sentido na conversa”

Ana Luísa foi mais uma das vítimas e revela que “tudo fazia sentido na conversa”. Por instantes, parecia mesmo uma conversa entre mãe e filho. Nunca desconfiou de nada. Uma hora depois eis que surge o pedido de ajuda e tudo muda. “Pediu-me, esta semana, urgentemente, uma transferência de mil euros, o que eu achei estranho, porque o meu filho está bem de vida, tem um bom ordenado, tínhamos estado juntos há dias, e estava tudo bem”. Luísa começou a sentir a desconfiança, mas sempre com a incerteza se o filho estaria ou não a necessitar de ajuda financeira. Quem estava do lado de lá insistia na necessidade urgente da transferência, e até pedia uma foto do comprovativo da mesma. Foi nesta altura que Luísa decide ligar para o número em questão, e do lado de lá ninguém atendeu. Com a certeza de que algo errado ou de uma brincadeira se tratasse ligou para o filho, e foi ai que se apercebeu que estava a ser vítima de burla.
No dia seguinte foi à Esquadra da PSP. Conta que quem a recebeu lhe terá dito que havia muitas queixas e que a sua tentativa de burla não seria a única.

“Necessito de 990 euros”

Terça, dia 23, César Gomes, também foi um dos sanjoanenses escolhidos para a burla relacionada com pedido de dinheiro entre familiares diretos. “Recebi uma mensagem, alegadamente da minha filha, ao final da tarde, a dar conta que estava com um problema no telemóvel e que estava a usar um telemóvel de uma pessoa amiga”. Esta abordagem “levantou, de imediato”, suspeita, e César ligou para a filha, que lhe disse que ele estava a ser alvo de burla, pois estava tudo bem com ela. Para perceber até onde ia a “brincadeira” alimentou a conversa mostrando-me “mesmo preocupado” e com vontade de a ajudar, questionou do que necessitava em concreto e as respostas eram rápidas. “Necessito de 990 euros. Pedi para me enviar os dados” e rapidamente César recebe o número do NIB - (Número de Identificação Bancaria) para a respetiva transferência que estava associado ao nome de uma mulher.
Com as mensagens no telemóvel, César Gomes dirigiu-se à Esquadra da PSP de S. João da Madeira, no sentido de alertar e de denunciar aquilo que lhe estava a acontecer, mostrando as mensagens e os dados de identificação da pessoa que estaria por de trás da burla. “Mostrei tudo, contei a história” e, para seu espanto, diz que foi informado de ser uma situação “recorrente”. agente terá revelado que, recentemente, uma pessoa terá caído no “conto do vigário” e terá transferido 2500 euros “e isso não deu em nada, porque não se sabe quem é”, assegurando mesmo que a Policia Judiciária só atua quando “são valores consideráveis, desvalorizando por completo o meu alerta” que, no seu entender, deveria “chegar ao Ministério Público”, uma vez que o seu caso parece não ser o único na cidade. “O agente não ficou com os dados que eu apresentei”, saiu da esquadra com a certeza de ter “cumprido o seu dever de cidadão”.
Horas depois, César verificou que “todas as mensagens” tinham sido já apagadas e que provavelmente o burlão passará a praticar o golpe noutra vítima.

Poderá ter acesso à versão integral deste artigo na edição impressa n.º 3942, de 1 de junho ou no formato digital, subscrevendo a assinatura em https://oregional.pt/assinaturas/

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