Generosa Silva, da retrosaria do mercado, atinge o século de vida com uma impressionante vivacidade, e celebrou o marco centenário num café que frequentou a vida toda, rodeada da família, amigos e antigos clientes
São cem anos de uma longa história. A Ti Generosa da retrosaria do mercado conserva todas as faculdades mentais, não se queixa da vida, embora as pernas já não a ajudem muito.
Depois de ter celebrado uma centena de vezes o seu aniversário, apesar de “não gostar”, e muito menos de “receber prendas”, não se cansa de viver a vida. Saúde é o que pede a cada ano que sopra as velas do bolo. O nosso encontro com Generosa Silva aconteceu na sua “loja”, no dia seguinte ao seu aniversário, que assinalou num café no Mercado Municipal. “Foi um dia fora de série, muito rico em tudo, com tantas felicitações” de pessoas que fizeram questão de a presentear e de lembrar que, além de “uma grande mulher”, sempre foi alguém que “soube ouvir, ajudar e aconselhar”, até aos dias de hoje. O dia de aniversário terminou com uma missa de ação de graças na Igreja Matriz, um dos momentos altos do seu aniversário, uma vez que sempre se assumiu como uma pessoa religiosa.
Álvaro Rocha, pároco de S. João da Madeira entre as muitas ideias lembrou na missa que “são somos homens e mulheres marcados pelo medo mas pela vida a de Deus em nós. Somos testemunhas da vida e da presença de Deus no meio dos homens - também através da nossa vida e dos seus anos. A generosidade de Deus para com a nossa irmã e a generosidade da aniversariante para com os seus familiares e amigos” – fazendo jus ao nome (Generosa) que a centenária sanjoanense tem.
Deixou de trabalhar há quatro anos. Tem pena de não continuar ao balcão e, principalmente, de “criar” na sua máquina de costura, que comprou por 250 escudos. “Era das primeiras máquinas da Oliva. Foi a melhor coisa que me veio parar às mãos. Eu fazia de trapos, que já não dava para grande coisa, verdadeiras relíquias.
Recordou os dias difíceis que viveu a vender, de porta em porta, botões, depois molduras para quadros, as várias crises que Portugal já passou e a guerra que “lhe tira, atualmente, o sono”. A pandemia da Covid-19 “nunca” a assustou. Sempre acreditou que escaparia à infeção. “Esse bicho malvado não quis nada comigo”, graceja.
Apesar de ser natural de uma freguesia de Santa Maria da Feira, foi em S. João da Madeira que Generosa e o marido, que faleceu há 21 anos, construíram, lado a lado, as suas vidas, pessoais e profissionais. “Fomos uns lutadores”. Conta que, um dia, disse ao marido que gostava de ter uma casa em S. João da Madeira. Lutou e conseguiu o sonho, graças a “muito esforço e privações”.
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