Fábrica de solas Siaco encerrou “sem avisar” e manda uma centena de trabalhadores para o desemprego
Cerca de uma centena de trabalhadores da Siaco, empresa de componentes para calçado, em S. João da Madeira, foram “apanhados de surpresa”, quando chegaram à fábrica e se depararam com as portas fechadas.
Em declarações a ´O Regional’, Manuel Pereira, um dos trabalhadores que ficou à porta, explicou que os “rumores” de que “qualquer dia” a empresa encerrava de vez há muito que andavam na boca dos trabalhadores.
“Metade das pessoas desconhecia a realidade da empresa, mas a sua maioria já desconfiava, e queriam ouvir da boca do patrão que a mesma encerraria, mas que só reuniu com meia dúzia deles”, conta indignado.
Entrou para esta empresa há 36 anos e lamenta o comportamento da administração, reconhecendo, no entanto, que sempre cumpriram “com os pagamentos no final do mês”.
Vítor Ferreira trabalhou na empresa 15 anos e não poupou críticas à administração. “Não havia limpeza, não havia nada. Saiu uma rapariga e não meteram outra. Estávamos em layoff e chamaram-nos na mesma para trabalhar. Depois os trabalhadores davam as horas que deviam, e eles faziam sempre uma enorme confusão”, assume.


Por sua vez, Joel Santos, chegou à empresa, que produzia solas e outros componentes para calçado há três anos. “Não havia pagamento de horas extra, ia tudo para banco de horas. Esta empresa fazia as leis à maneira deles. Tinha as férias já marcadas desde janeiro, e eles avisavam-me dias antes de as gozar que, afinal, tinha que vir trabalhar mais uma semana. “Só queremos que nos entreguem a documentação para o fundo de desemprego”.
Um outro trabalhador, que pediu reserva de identidade, explicou a ´O Regional’, que, na última sexta-feira, dia três, alguns trabalhadores foram chamados à administração, onde lhes foi comunicado que, “às 17h30 desse dia a fábrica iria cessar trabalhos. Acabou, fechou. A fábrica pertence agora ao tribunal, e que os trabalhadores iriam ser contactados pelo tribunal. Mais nada”. Como justificação, assumiram que “já não havia forças para mais e que já tinham injetado muito dinheiro na empresa”, disse este funcionário que entrou na empresa aos 15 anos. “Há gente que estava em casa há uma semana, sem trabalhar, e só cerca de 20 é que se encontravam a trabalhar na semana passada”, e terão sido essas que estiveram na reunião com a administração.
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