Sociedade

Em criança vinha ver a bola, agora veio falar da guerra

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Lembra-se de vir a S. João da Madeira ver os jogos de futebol do Varzim com a ADS, quando era criança. Desta vez, foi para falar sobre a guerra na Ucrânia que veio à cidade.

“Eu vinha a S. João da Madeira quando era criancinha, com os meus avós, ver o Sanjoanense a jogar contra o Varzim”, revelou o jornalista e comentador José Milhazes a abrir a sua intervenção no auditório dos Paços da Cultura, onde se deslocou para uma conferência no âmbito do ciclo “Pensar Futuro”, promovido pela Câmara Municipal, no último sábado, dia 26, ao final da tarde. “Que futuro para Portugal no contexto da geopolítica russa?” foi a pergunta que serviu de lançamento a esta sessão, em que, como não poderia deixar de ser, o tema dominante foi a invasão da Ucrânia pelo exército de Vladimir Putin.
Natural da Póvoa de Varzim, José Milhazes foi estudar para a então União Soviética em 1977, formando-se em História da Rússia. Aí permaneceu, acabando por fazer trabalho jornalístico a partir de Moscovo para a TSF e outros órgãos de comunicação social portugueses.
Regressou ao nosso país em 2015 com um conhecimento incomparável no panorama português sobre a sociedade, a política e a história russas, o que ficou patente nesta sua passagem por S. João da Madeira, mantendo o muito público presente atento às suas palavras – e muito participativo – até durante toda a conferência.
Cidade dos lápis…
No final, ainda teve tempo para dar inúmeros autógrafos em livros da sua autoria, embora tivesse que ultrapassar o contratempo de não ter caneta, o que o fez “temer” uma dificuldade adicional por se encontrar na terra da fábrica Viarco: “vocês cá são de usar é lápis…”. Mas não faltaram canetas nem simpatia e disponibilidade a José Milhazes para distribuir dedicatórias, e até para tirar diversas fotografias com quem lhe pediu.
A adesão do público já tinha levado o convidado a afirmar que “afinal os portugueses interessam-se por coisas importantes”. E esse é o caso, como realçou o comentador, da “invasão injustificável” da Ucrânia, “um conflito que está à nossa porta”. Por isso, deixou o aviso de que “temos que estar preparados para renunciar a uma parte do nosso bem-estar, em nome do futuro”.
Muito crítico de Vladimir Putin, o historiador sublinhou a importância do conflito terminar com “uma não vitória da Rússia”, o que exige, em seu entender, a continuação do apoio ocidental à Ucrânia, país que classifica como “a primeira trincheira da União Europeia” nesta guerra que está “a mudar o mundo de tal forma que é impossível que vá voltar ao que era a 23 de fevereiro [véspera do início da invasão da Ucrânia pela Rússia]”.

… e dos chapéus

De S. João da Madeira, José Milhazes levou o forte aplauso de quem assistiu à sua conferência, a que juntou um chapéu – imagem de marca da cidade – oferecidos pelo município, o que, entretanto, já agradeceu também nas suas redes sociais, com a publicação de uma fotografia do exemplar: “Este é muito especial. Ofereceram-me em S. João da Madeira, a capital do chapéu. É feito nesta terra, é nosso. Obrigado”.
Depois dos Paços da Cultura, José Milhazes teve ainda a oportunidade de, acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal, Jorge Sequeira, conhecer o Centro de Arte Oliva.

 

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