A Guerra Colonial que durante 13 anos mobilizou milhares de jovens, deixou marcas físicas e psicológicas que durante até hoje. O Regional dá a conhecer alguns testemunhos de quem travou essa guerra.
Foi há 60 anos e ficou na História como o período mais traumático para a sociedade portuguesa, na segunda metade do século XX: a Guerra Colonial. Durante 13 anos, milhares de jovens foram mobilizados para uma guerra que não queriam travar. Muitos não voltaram e, noutros casos, as marcas físicas e psicológicas perduram até hoje. Uma guerra que matou seis sanjoanenses. Fomos conhecer histórias e relatos de homens que, apesar do tempo, ainda falam do assunto de voz embargada. Testemunhos da Guerra Colonial
De repente, quando menos se espera, o pensamento divaga e as imagens de guerra tornam-se novamente vivas. O coração aperta, a angústia apodera-se do cérebro. As minas voltam a explodir, as aldeias continuam a ser surrupiadas, os colegas de batalhão tombam, os tiros transformaram-se num fogo de artifício ensurdecedor.
E, à noite, todos os gatos voltam a ser pardos, muitos anos depois da guerra ter terminado no papel. Cá dentro, no pensamento, as feridas ainda não murcharam. Porque “a guerra colonial acaba no dia em que morrer o último descendente do último combatente”, referem.
“Explodiu uma mina anticarro reforçada. O corpo de um homem ficou aos bocaditos... e eu ainda ajudei a apanhar alguns pedaços. São traumas e memórias permanentes que me afetou muito. Ainda mexem comigo. Não gosto nada de falar disto. Quando regressei, não dormia. Passei por períodos muito complicados”. É com a voz embargada pela emoção que este sanjoanense, que pediu reserva de identidade, relata um dos episódios que mais o marcaram na guerra. Pediu-nos contenção nas perguntas. Concedeu falar a ‘O Regional’, mas com algumas restrições, principalmente pelas marcas que ainda hoje tem no corpo e que a todo o custo tenta disfarçar.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3838 de O Regional, publicada em 8 de abril de 2021.
2 pensamentos sobre ““Continuamos a calar a guerra””
Desculpe, os comentários estão fechados.