O 38.º aniversário da Elevação de S. João da Madeira a Cidade teve o seu momento alto com a sessão solene que decorreu na Casa da Criatividade, com José António Pais Vieira, Comissário das Celebrações a defender o “alargamento" do concelho.
Após um momento musical inicial com elementos da Academia de Musica de S. João da Madeira, a sessão solene contou com a exibição de um vídeo, onde José António Pais Vieira, Comissário das Celebrações do 16 de maio, traçou todo o seu percurso de vida, falou da família, das suas histórias e estórias, das conquistas, do futuro, e apresentou-se como um apaixonado pela cidade.
José António de Araújo Pais Vieira começou por salientar que o dia 16 de maio de 1984 será sempre lembrado e “ficará gravado a letras de ouro” na história da cidade. Enalteceu o convite feito pela autarquia, uma “honra e distinção”, pela nomeação para comissariar a efeméride. Citando Manuel Pereira da Costa, disse crer que S. João da Madeira “havia nascido para ser grande”, destino “plenamente cumprido”, como se confirma por esta efeméride, mas, também, pelo “centenário recentemente ocorrido de muito importantes instituições sanjoanenses, como a Vieira Araújo S.A., a Misericórdia e o jornal ’O Regional’”, entidades às quais o Comissário José Pais Vieira tem ligação.
Realçou bom-êxito num “vislumbre” do passado, enaltecendo que “foram os industriais” que fizeram S. João da Madeira “singrar e suplantar-se, pessoas comuns que, a partir de meados do século XIX, ambicionaram ser autónomos e terem o seu futuro nas próprias mãos, instalando pequenas indústrias”. “Neles, na sua capacidade de trabalho intenso, coragem para sonhar, sempre com o melhor, resistência na adversidade e união no amor às questões da sua terra, assentou a diferenciação de progresso e de qualidade de vida” de S. João da Madeira face aos concelhos vizinhos, notou.
José António Pais Vieira assumiu, no entanto, que este ritmo evolutivo abrandou: “a cidade não viu instalados estabelecimentos de ensino superior e perdeu centralidade nalguns serviços, acima de todos, o hospital”. Sob gestão da Misericórdia, até 1974, lembrou que “já tinha noventa camas” e havia sido dada autorização para aumentar para as duzentas. “Hoje, definha, sob administração do Estado”, garantiu. Ainda segundo o Comissário das Celebrações, a habitação para a classe média e a indústria também se veem “manietadas” no crescimento pela “reduzida” área do concelho. “Não podemos pensar em novas Oliva, Molaflex, Empresas Industriais de Chapelaria, e também não podemos pensar em empresas de elevada concentração de quadros muito especializados, porque essas frutificam nas regiões com universidades”. José Pais Vieira considerou o alargamento do concelho à freguesia vizinha de Milheirós de Poiares uma oportunidade criada pela vontade das populações. “Há que pôr a democracia a trabalhar e cumprir os desejos esmagadoramente sufragados pela população desta freguesia”. Acrescentou também que os milheiroenses há muito que pedem a integração. “Sentem-se próximos e sabem que S. João da Madeira tem condições para os acolher, proporcionando-lhes uma maior qualidade de vida”. Mas, salientou que Milheirós também tem muito para oferecer a S. João da Madeira. “Desde logo, uma população simpática e trabalhadora, e depois, terrenos extensos, com valores razoáveis por metro quadrado”. “Esta mais-valia permite a implantação de novas zonas industriais geradoras de empregos qualificados e criação de riqueza. Poderão também ser criadas novas zonas residenciais que permitirão alojar, em boas condições, os colaboradores das novas empresas e evitar êxodo de tantos quadros sanjoanenses, que não encontram em S. João da Madeira terreno onde construir as suas vivendas”.
Acreditando que, se o Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira “abraçar esta bandeira, sendo bem-sucedido, terá a gratidão eterna e inolvidável dos sanjoanenses. Como ainda hoje guardam de Renato Araújo”, rematou.
Na sua intervenção destacou ainda o centenário do jornal ‘O Regional’ de que é um dos proprietários. “Tivemos uma tiragem especial de 64 páginas com a colaboração das mais destacadas personalidades de S. João da Madeira e textos de elevada qualidade”. Anunciou que este semanário vai ser agraciado com a medalha do município, e ainda com o apoio da autarquia, “vai ser publicado o Livro do Centenário, que retrata o modo como o jornal viveu e se associou aos principais acontecimentos da nossa terra no último século”, rematou.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3892 de O Regional,
publicada em 19 de maio de 2022