Ao fim de vários anos de espera, S. João da Madeira vai finalmente integrar o sistema de bilhética Andante, permitindo aos sanjoanenses utilizar o passe nas deslocações de comboio ao longo da Linha do Vouga. A medida garante a igualdade no acesso aos transportes públicos, face aos restantes municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP). O autarca de S. João da Madeira afirma que se trata da “concretização de um passo importante” para a cidade.
A partir de 1 de maio, todos os utentes da estação ferroviária de S. João da Madeira vão finalmente poder utilizar o sistema de bilhética Andante nas viagens realizadas na Linha do Vouga. A medida, anunciada pela CP e pelos Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), põe, desta forma, termo a uma antiga reivindicação de muitos sanjoanenses e populares da região, permitindo a integração plena deste serviço de transporte ferroviário no sistema tarifário intermodal da Área Metropolitana do Porto (AMP).
Com esta integração, os concelhos de Espinho, Santa Maria da Feira, S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis — todos atravessados pela Linha do Vouga — passam a beneficiar do passe único Andante, facilitando as deslocações e reduzindo significativamente os encargos para os passageiros regulares.
Recorde-se que, até agora, a ausência do cartão Andante obrigava os utilizadores da Linha do Vouga a adquirir dois títulos de transporte, o que resultava num custo mensal de 60 euros, em contraste com os 40 euros do passe metropolitano. A situação era apontada por autarcas e utilizadores como uma clara “discriminação” dentro da AMP.
A CP confirmou que a utilização do Andante será possível em todo o troço entre as estações de Espinho-Vouga e Pinheiro da Bemposta (Oliveira de Azeméis), abrangendo 22 paragens, entre as quais se inclui S. João da Madeira.
“Esta integração permite viagens mais simples e económicas, reduzindo a dependência do transporte individual e assegurando o acesso a outros modos de transporte com o mesmo bilhete”, refere o comunicado oficial dos TMP.
Contudo, a infraestrutura ainda apresenta limitações: nas estações da Linha do Vouga não existem máquinas de venda automática nem validadoras. Assim, a validação dos bilhetes Andante será feita a bordo pelos revisores da CP.
A ligação ferroviária entre Oliveira de Azeméis e Espinho, operada pela CP, tem uma duração superior a uma hora. A estação terminal, Espinho-Vouga, fica a cerca de 500 metros da estação de Espinho da Linha do Norte, que permite ligações diretas ao Porto, Aveiro e a outros serviços regionais e de longo curso.
A introdução do Andante nesta linha era apontada como necessária desde, pelo menos, 2012. A sua concretização resulta de um esforço conjunto entre a AMP, a CP e os TMP, depois de anos de indefinições e falta de acordo entre as entidades envolvidas, explica ainda a CP.
“É a concretização de um passo importante”
Para o autarca de S. João da Madeira, todas as medidas que contribuam para promover o acesso aos transportes públicos “são positivas, pelo que representam em termos de melhoria da mobilidade e de redução de emissões com efeito estufa. Este é, assim, um passo nesse sentido, já que vem facilitar o recurso aos transportes públicos por parte das populações do sul da AMP.”
Jorge Vultos Sequeira acrescenta que a integração do sistema Andante “é a concretização de um passo importante que S. João da Madeira e as restantes autarquias da Associação de Municípios de Terras de Santa Maria vinham defendendo e que representa um reforço da mobilidade na região”, enfatiza.
Amadeu Albergaria, presidente da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria, realça que esta concretização “só pode ser bem acolhida e aplaudida por todos”, sobretudo pelo que representa para os utilizadores que dependem diariamente da rede de transportes coletivos da Área Metropolitana do Porto, “mas também por questões fundamentais como a equidade, a coesão territorial e a sustentabilidade ambiental que advêm desta medida”.
O também presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira acrescenta que a “intermodalidade é seguramente o caminho para uma utilização cada vez mais integrada e eficiente dos diferentes meios de transporte coletivos ao dispor das nossas populações”, que, a partir do primeiro dia de maio, já poderão usufruir da “combinação mais adequada às suas necessidades.”
Por seu turno, o deputado do PSD Paulo Cavaleiro destacou, em nota de imprensa, a concretização da extensão do passe Andante à Linha do Vouga, uma medida há muito reivindicada. Cavaleiro sublinhou que, após sucessivos anúncios falhados, foi o atual Governo quem finalmente avançou com a decisão, classificando-a como “mais uma iniciativa em prol do distrito de Aveiro”. O parlamentar tem vindo a levantar esta questão em várias intervenções na Assembleia da República, nomeadamente na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, onde, em fevereiro, voltou a apelar à integração da Linha do Vouga. Também no debate do Orçamento do Estado para 2025, Cavaleiro reforçou a importância do Andante como elemento essencial de coesão territorial na Área Metropolitana do Porto.