Durante seis dias, milhares de pessoas “invadiram” o jardim municipal, transformando o espaço verde num ponto de encontro para convívio, cultura e festa, para ali assinalarem a 22.ª edição de a “Cidade no Jardim” que terminou na última terça feira, dia 10 de junho.
Um dos momentos altos da iniciativa viveu-se no domingo, quando uma grande multidão se reuniu em frente ao ecrã gigante para assistir à vitória de Portugal sobre a Espanha, na final da Liga das Nações. O jogo, decidido nas grandes penalidades, trouxe emoção e celebração aos presentes, que vibrou com o triunfo da seleção nacional.
O bom tempo foi um aliado fundamental para o sucesso da edição deste ano, com temperaturas amenas e céu limpo, a convidar à permanência no jardim durante todo o dia. Quem passou por ali não hesitou em classificar esta edição como “uma das melhores” dos últimos anos, destacando o ambiente acolhedor e a diversidade de atividades que animaram o evento.
“Já é tradição. Todos os anos venho com os meus filhos, e este ano superou as expectativas”, contou Rosa Pinho Ribeiro, residente em S. João da Madeira. “As tasquinhas estão maravilhosas, o tempo está a ajudar e o convívio com amigos e família também”, explicou a ´O Regional´, na última segunda-feira.
Organizado pela Câmara Municipal, o evento voltou a destacar-se no calendário cultural do concelho, com a participação de 66 entidades — entre escolas, associações e instituições —, que dinamizaram 71 stands e 22 tasquinhas. Ao todo, o investimento municipal rondou os 100 mil euros.
No palco principal, as atuações de artistas locais alternaram com convidados especiais. Um dos momentos mais aplaudidos foi a atuação do Grupo de Fados Literatus, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Também a presença da Associação Maense em Portugal, no âmbito da geminação com o município de Maio, em Cabo Verde, trouxe diversidade cultural e fortaleceu laços internacionais.
“Ver este jardim assim cheio, com tanta vida e música, dá-nos orgulho em pertencer a esta cidade”, disse António Pinho Cardoso, que ali se dirigiu com a família para jantar. “Eu gosto muito do mês de junho. Gosto deste evento, do São João, das festas da cidade”, assumiu.
Com a edição de 2026 já a ser antecipada por muitos, fica a certeza de que, durante seis dias, o jardim foi mais do que um espaço verde — foi o verdadeiro coração de uma cidade unida. O evento confirma-se como um marco cultural e social na agenda de S. João da Madeira, promovendo a união entre residentes e visitantes, celebrando a identidade local num cenário natural privilegiado.
“Todos os anos jantamos no stand dos Bombeiros. As sardinhas estavam no ponto e o ambiente é sempre acolhedor. Já é uma tradição de família”, partilhou António Cardoso. Na mesa ao lado, encontramos Miguel Antunes, 52 anos, sanjoanense de gema. “É daqueles sítios onde se come bem e se sente a alma da cidade. Este é o verdadeiro espírito sanjoanense. Ficámos aqui horas à conversa com amigos que não víamos há meses” e, quanto às primeiras sardinhas do ano, garantiu que estavam “no ponto”.
Na mesma mesa, Carolina Matos estava de passagem pela cidade. “Estou em casa de uma amiga da faculdade uns dias e estou a adorar estar aqui. Adorei as barraquinhas das coletividades”, contou, entusiasmada.
Óscar Martins, 68 anos, entre uma sardinha e um copo de vinho, disse a 'O Regional' que a edição deste ano “deverá ser uma das que mais pessoas juntou. No dia do jogo foi a loucura”. Para que o dia fique concluído, lembrou que ainda faltava a “febra no pão e como sobremesa”, brincou.
Em jeito de balanço, Jorge Vultos Sequeira assegurou a 'O Regional'que este evento anual na cidade “é um lugar de encontro, onde os sanjoanenses se veem”. Agradeceu ao “notável voluntariado de todas as associações que permitiram colocar o evento no terreno”. Quanto à “diversidade da oferta cultural”, o autarca garante que a edição deste ano “abrangeu diversos setores”.
O autarca sublinhou que a participação ativa de associações, escolas e outras instituições da cidade “foi verdadeiramente exemplar, refletindo o dinamismo e o compromisso da comunidade local com esta grande celebração da cidadania e da cultura” “A Cidade no Jardim” voltou a afirmar-se como um símbolo do que de melhor a cidade tem: as pessoas, a sua energia e a sua capacidade de se reunirem em torno dos valores da cidadania, da cultura e da celebração da vida em comunidade”, defendeu ainda o autarca.
Bernardo Lima homenageado
A autarquia homenageou, na última segunda-feira, dia 9, o jovem futebolista Bernardo Lima, durante o evento. O atleta, natural do concelho e recente campeão europeu pela Seleção Nacional Sub-17, subiu ao palco para receber o reconhecimento público e o aplauso da numerosa assistência.
A distinção foi atribuída pelo presidente da autarquia, Jorge Vultos Sequeira, que entregou a Bernardo Lima um quadro alusivo à conquista do Campeonato da Europa, bem como uma réplica do emblemático chapéu de Fernando Pessoa, símbolo da tradição chapelaria da cidade. No mesmo dia, foi aprovado por unanimidade, em reunião de Câmara, um voto de louvor ao jovem jogador.
Durante a cerimónia, Sequeira destacou o orgulho que esta conquista representa para toda a comunidade sanjoanense, sublinhando o exemplo de dedicação, talento e superação do desportista.
Com apenas 17 anos, Bernardo Lima soma já 25 internacionalizações pela Seleção Nacional Sub-17, tendo sido convocado pela primeira vez aos 15 anos. O seu percurso no futebol começou aos cinco anos na Associação Desportiva Sanjoanense, prosseguindo depois no Futebol Clube do Porto, onde continua a sua formação.
Paralelamente à carreira desportiva, o jovem mantém um percurso académico exemplar. Frequentou a Escola do Espadanal no ensino primário, passou pela Escola Oliveira Júnior entre o 5.º e o 7.º ano e, atualmente, frequenta o Colégio Júlio Dinis, no Porto.
O autarca diz reconhecer, assim, “não só os feitos desportivos de Bernardo Lima, mas também os valores que representa, sendo motivo de orgulho para S. João da Madeira”.