São auxiliares de geriatria em duas instituições de S. João da Madeira. Defendem que um Lar ou Centro de Dia deve ser como uma casa de família, onde ali são aplicados todos os cuidados, afetos e a maior dedicação possível ao idoso.
“Os idosos vivem cada vez até mais tarde, e os lares são, naturalmente, a resposta mais viável para um envelhecimento mais ativo, com qualidade e digno”. A convicção é de Anabel Marques que ingressou na Misericórdia de S. João da Madeira há 21 anos. “Entrei por opção e com a certeza que este era o emprego da minha vida. Era isto que eu queria fazer. Não me via a fazer outra coisa na vida”, explica a ´O Regional´.
Maria de Lurdes Almeida também escolheu ser auxiliar de geriatria há 24 anos. “Estou cá do tempo das freiras. Eram seis. Tudo que sei nesta profissão devo à sua sabedoria, em particular à irmã Rita, que era a freira responsável”. O tempo foi passando, e, ainda hoje, coloca em prática essa aprendizagem naquilo que faz. “Era uma aprendizagem de maior proximidade e que faz a diferença. As freiras estavam sempre cá. De dia e de noite”, assegura.
Aos 65 anos revela que não há segredo para se entrar nesta profissão. “Tem apenas que gostar muito, ter paixão, dedicação, muita paciência, ser uma pessoa sensível, respeitadora e atenta ao sofrimento do outro e saber ouvir”, ingredientes que “nem todos os que trabalham nesta área têm”, garante.
Anabela Marques conta que os tempos mudaram “muito” e, atualmente, os idosos vão cada vez mais cedo para os lares ou Centros de Dia. “Quando entrei para cá eram mais autónomos. Hoje, devido às muitas demências e doenças associadas”, dependem cada vez mais destas profissionais, o que contribuiu para um aumento de trabalho destas trabalhadoras. Maria Almeida acrescenta outro fator. “Antigamente não se falava muito em colocar as pessoas nos lares. Era a família que cuidava deles em casa”, mas refere que nem sempre isso é possível, por “diversos fatores”.
Maria de Lurdes acrescenta que é uma das funcionárias mais antigas da misericórdia, e que, atualmente, aquilo que se apercebe é que os mais jovens “até parece que têm medo de chegar perto dos idosos, de lhes tocar ou de lhes dar um beijo. Isto acontece porque quem educa não fala dos idosos e da importância destes afetos”, o que leva esta trabalhadora a concluir que daqui a poucos anos esta geração “não estará disponível para toda esta dedicação, ternura e respeito” que, hoje, dedica diariamente aos “seus velhinhos”, como carinhosamente lhes chama uma opinião partilhada por Anabel Marques.
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