Sociedade

Ansiedade e depressão fazem aumentar a procura pela hipnoterapia

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Ansiedade, depressão, fobias, luto e vontade de deixar de fumar são alguns dos problemas que podem levar as pessoas à hipnoterapia, com profissionais da área a destacar o aumento dos casos de depressão e ansiedade, nos últimos tempos.

“A hipnose é um procedimento no qual o profissional de saúde sugere, ao tratar alguém, que ele irá experimentar mudanças nas sensações, perceções, pensamentos ou comportamentos”. Assim, como explica Diogo Coelho, o hipnoterapeuta dá ao paciente instruções para este “imaginar ou pensar em experiências agradáveis” deixando, deste modo, sugestões de “relaxamento, de calma e de bem-estar”.
Este hipnoterapeuta sustenta o seu trabalho em autores como os psiquiatras Milton Ericsson e Sigmund Freud, bem como o químico e médico Franz Anton Mesmer. Na base, diz usar uma “mescla de formações que o foi complementando”, com teorias, terapias e técnicas.
Em todo o caso, a par da “formação contínua”, Diogo Coelho defende que para se ser hipnoterapeuta “é necessário ter a sensibilidade e responsabilidade de cuidar”, já que se lida com pessoas que confiam em si e no seu trabalho.
Por sua vez, Marlene Valente nota que apesar da necessidade de formação de hipnose clínica, ainda não há licenciatura nesta área, “embora considere importante uma formação base na área da saúde, ou área social”, isto porque “é extremamente vital por exemplo conhecimento das psicopatologias uma vez que quem nos procura tem problemas de foro psíquico”.
Esta hipnoterapeuta refere ainda que a hipnose é algo que pode acontecer a qualquer pessoa, de forma natural. Por exemplo, quando há uma “sensação de devaneio, ao conduzir o carro, podendo não se lembrar do percurso efetuado” ou quando se lê um livro ou vê um filme e se entra “num processo de concentração focada”.
A hipnose pode distinguir-se de “terapias complementares” porque trabalha “a partir de sugestões e memórias passadas permitindo o cliente fazer os entendimentos necessários para desbloquear e/ou resolver os seus conflitos internos”.
Embora a hipnose regressiva (ou seja, quando se fala em vidas passadas) não tenha evidência científica, como aponta a hipnoterapeuta, a hipnose procura sustentar-se nas neurociências e psicologia, sendo que “atualmente enquadra-se na área holística, porque na hipnose abordamos temas transpessoais que vão para além da razão”.

“A pessoa não está a dormir e não fica inconsciente, vai-se lembrar de tudo o que foi dito e vivenciado na sessão”

E como “cada pessoa tem a sua história de vida e a vivencia de forma diferente”, Marlene Valente defende uma metodologia de trabalho que consiste em “ir ao encontro de cada pessoa, através do vínculo que é estabelecido a partir da primeira sessão e a linha terapêutica vai-se definindo de acordo com os objetivos que são estabelecidos e definidos pelo próprio cliente”.
“A pessoa não está a dormir e não fica inconsciente, vai-se lembrar de tudo o que foi dito e vivenciado na sessão”, assegura a hipnoterapeuta, completando que durante uma sessão “ninguém perde a consciência ao ponto de dizer algo que não quisesse”. O que pode acontecer, como explica, é a pessoa recordar-se “de uma memória há muito esquecida e que, ao recordar esse evento, perceba que era esse evento que a bloqueava” e impedia de “seguir em frente”, encontrando assim uma resposta que a “liberta do sofrimento”.
Também Diogo Coelho considera que é “um mito” dizer que as pessoas perdem a memória ou contam o que não querem na hipnoterapia. “O seu inconsciente revela apenas aquilo que considera pertinente para sua cura e o seu equilíbrio e bem-estar”, afiança.

Ansiedade e depressão entre os casos mais requisitados para tratamento

Segundo Diogo Coelho, a hipnoterapia pode atuar num vasto leque de perturbações mentais, tais como a ansiedade, depressão, pânico, luto patológico, traumas, fobias, adições e disfunções sexuais, sendo que “tendo em conta a conjuntura atual o tratamento de ansiedade e depressão são os mais requisitados”, conforme indica, remetendo para os números da Organização Mundial da Saúde, que “diz que 33% da população mundial sofre de ansiedade/depressão”.
“Infelizmente, a pandemia e o cenário económico que vivemos despoletou na sociedade uma grande ansiedade, solidão, crises de pânico, excesso de preocupações criando assim a necessidade de recorrer a terapia”, aponta o profissional, considerando que a hipnoterapia pode dar conforto e apaziguar a mente das pessoas nestes contextos.
Também Marlene Valente diz ter na sua clínica “vários casos com o diagnóstico de depressão, ansiedade, luto e fobias” e confirma um “aumento significativo” nos últimos tempos dos casos de depressão e ansiedade.
E quanto tempo dura um tratamento de hipnose? Os profissionais respondem que depende.
“Cada caso é um caso, cada pessoa é única, contudo, uma fobia específica pode ser removida entre 15 minutos até algumas sessões, o intervalo de sessões não deve ter um timing nunca inferior a 15 dias”, diz Diogo Coelho.
Para Marlene Valente, “depende muito da entrega da pessoa ao processo e o mais importante é a pessoa entender que quando se recorre a uma terapia os resultados dependem somente dela e o terapeuta somente irá orientar, guiar todo o processo”.

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