Todos os dias, através de programas como o da ‘Escola Segura’ da PSP (Polícia de Segurança Pública), a ligação entre as forças de autoridade e a comunidade sanjoanense é reforçada.
“Bom dia Sr. Altino, é a polícia!”, anuncia a supervisora do MIPP (Modelo Integrado de Policiamento de Proximidade) da PSP de S. João da Madeira, Diana Figueiredo. Com a sabedoria que os seus mais de 80 anos de vida lhe proporcionaram, Altino Oliveira demora até chegar à porta da sua residência, mas abre-a com um sorriso no rosto e um bom dia, habituado às visitas daquela força de autoridade. A primeira pergunta da chefe Diana Figueiredo é se Altino Oliveira tem frio, uma vez que surge à porta de chinelos abertos e sem meias. “Realmente, tenho um bocadinho de frio”, admite o octogenário, de mente afiada e amante de livros. Se a saúde o permitisse, ainda andaria com um livro debaixo do braço. No mesmo instante, o idoso é ajudado com uma atitude simples, mas que, para o próprio, significa muito. “Sei que parece uma banalidade, um pequeno gesto, mas agradeço muito o facto de me ajudarem a calçar as meias”, agradece Altino Oliveira.
“Os idosos não ficam esquecidos”
O jornal ‘O Regional’ acompanhou de perto a rotina das equipas da PSP, que primam pela proximidade à população e pelo apoio aos mais vulneráveis. Não foi apenas a cultura impecável de Altino Oliveira que saltou à vista na manhã de terça-feira passada. “Habituei-me a viver na solidão. Embora a solidão não seja aconselhável, não tenho alternativa. Felizmente, recebo as minhas visitas; tenho consciência que as pessoas não podem vir cá todos os dias fazer-me companhia e falar um bocadinho comigo”, contou o viúvo, cujo maior problema diz respeito à mobilidade. A bengala e o andarilho são companheiros do idoso há muitos anos que, outrora, fez várias viagens pelo mundo e que, inclusive, colaborou com várias associações e instituições do concelho sanjoanense.
Em entrevista ao jornal, a supervisora do MIPP contou que o octogenário quer continuar a viver na sua casa, mas que “aceita perfeitamente ajuda”. “Ainda gosta de dar as suas voltas e de ler o jornal; é uma pessoa ativa, apesar de tudo”, considerou Diana Figueiredo. Se a memória de Altino Oliveira permanece intacta, é certo que nem todos os idosos, ao abrigo do programa ‘Idosos em Segurança’ da PSP, a têm. As vulnerabilidades podem ser sociais, físicas e psicológicas. “Estou mais ligada às EPAV [Equipas de Proximidade e de Apoio à Vítima] porque existem situações preocupantes e várias ocorrências de violência doméstica, um crime que preocupa não só a sociedade, mas também a polícia, uma vez que não há meio de diminuir por mais que tentemos.
Há mais denúncias, mas não há regressão do crime”, lamentou Diana Figueiredo. Há vários programas ao abrigo do MIPP como o da violência doméstica, ‘Idosos em Segurança’ e ‘Escola Segura’. No caso dos seniores, a responsável adiantou que, em 2024, 14 idosos estão sinalizados pela PSP, sem contar com o registo de outras instituições. Nesses casos, podem ultrapassar as centenas de pessoas identificadas e sinalizadas por estarem em situação frágil. “Normalmente, sinalizamos pela questão da vulnerabilidade e do isolamento; ambas as vertentes são decisivas para existir uma situação de perigo. Às vezes, basta uma palavra para que estas pessoas se sintam valorizadas”, descreveu. “Damos ouvidos às pessoas. A maior parte trabalha uma vida inteira e chega a uma fase da vida em que ou a família não tem possibilidade de acolhimento, ou o idoso não tem hipótese de ir para um estabelecimento específico para ser cuidado… É claro que a maior parte quer estar em casa até ao fim da vida”, acrescentou, considerando: “Com esta proximidade, com uma simples palavra ou conversa, pretendemos mitigar um pouco a solidão que sentem. A instituição PSP tem um certo relevo, principalmente nesta faixa etária.”
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