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Agente da PSP começa a ser julgado hoje

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Um agente da PSP, suspeito de ter disparado mortalmente sobre a companheira do condutor de um automóvel furtado em S João da Madeira, começa a ser julgado esta quinta-feira, no Tribunal de Santa Maria da Feira.

Começa a ser julgado esta quinta-feira, dia 12, no Tribunal de Santa Maria da Feira, um agente da PSP, suspeito de ter disparado mortalmente sobre a companheira do condutor de um automóvel furtado na Avenida do Vale, em S. João da Madeira, junto a um condomínio de luxo.
Além do policia, que é acusado de um crime de homicídio por negligência, também estará sentado no banco dos réus o condutor do veículo furtado, que responde pela prática de dois crimes de furto, um dos quais na forma tentada, e um crime de resistência e coação sobre funcionário.
O caso remonta à noite de 24 de setembro de 2020, quando os agentes da PSP de S. João da Madeira intercetaram André “pirata” a tentar furtar um veículo, dando-lhe ordem para parar. De acordo com uma nota divulgada na sua página na internet, a Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGR-P) afirma que o condutor da viatura não terá respeitado a ordem de paragem dada pelos agentes e entrou numa viatura, que tinha sido furtado por si quatro dias antes, encontrando-se, na altura dos acontecimentos, a sua companheira sentada no lugar do passageiro dianteiro, que os polícias “não visualizaram, por força do local onde se encontravam”.
Na fuga, e segundo a investigação, o sanjoanense Pirata terá direcionado o veículo contra um agente policial, que se colocou na sua frente, só não o atingindo pela rapidez com que este se desviou, apesar de este agente ainda ter efetuado um disparo para a roda frontal esquerda do veículo.
Um outro agente da PSP, que se encontrava na traseira do veículo em fuga, a uma distância de cerca de 30 metros, efetuou também um disparo para o lado traseiro direito da viatura, no sentido de impedir o arguido da fuga. “Como consequência do disparo, o projétil veio a atingir o farolim direito traseiro, perfurou o veículo e atingiu a companheira daquele arguido no coração e pulmão direito, causando-lhe a morte”, refere a Procuradoria.

“Namorado terá abandonado a jovem no chão da Urgência do
Hospital de S. João da Madeira”

O MP concluiu também que o agente da PSP, “nas condições em que efetuou o disparo, já com o veículo conduzido por aquele arguido em fuga, não representando assim, nesse momento, perigo para si ou para terceiro, sabendo, ou não podendo ignorar, que esse disparo não seria eficaz para parar o veículo, e que não deveria, naquelas circunstâncias, mover perseguição policial sem ajuda de outros agentes, atuou de forma imprudente e não avisada e que, por via disso, apesar de desconhecer que no banco do passageiro seguia a vítima mortal, podia, e devia, ter-se abstido de utilizar a sua arma de serviço, pois, já que o fez em condições em que a lei não lhe permitia o seu uso”, refere a mesma nota.
Recorde-se que, depois do tiroteio e fuga, o namorado terá abandonado a jovem no chão da Urgência do Hospital de S. João da Madeira. “Posteriormente, deu entrada no Hospital de S. João da Madeira, uma cidadã com ferimento por arma de fogo, que se supõe estar relacionada com a ocorrência descrita”, adiantava, na altura dos factos, a PSP, em comunicado. “A cidadã entrou em paragem cardiorrespiratória e faleceu no hospital”, referia ainda o comunicado.
Inês Carvalho era residente no Bairro das Condominhas, muito próximo do Bairro da Pasteleira Nova, no Porto, e foi atingida “por duas balas, uma delas de raspão”, durante uma operação policial que decorria numa zona onde os moradores há muito se queixavam da onda de assaltos que aconteciam nos carros. Na altura dos acontecimentos, alguns moradores, e pessoas que frequentam a Avenida do Vale, adiantaram a ‘O Regional’ que os assaltos a carros naquela zona tinham aumentado substancialmente. .
De salientar que, já em 2008, Pirata foi arguido num processo de roubo com arma de fogo, perpetrado em S. João da Madeira. “Nos anos seguintes, esteve implicado em inúmeros casos de furtos em veículos, entre as zonas do Grande Porto e de Bragança”, escrevia ‘O Regional’, na altura.
Na cadeia de Custóias, onde foi cumprir pena pelos crimes cometidos ao longo dos anos, chegou a ser suspeito de tráfico de droga. Ainda assim, foi libertado em abril de 2019, no âmbito do programa de prevenção da covid-19, nas cadeias.
A PSP recuperou, um dia depois, o carro utilizado no assalto que vitimou esta jovem de 23 anos. O veículo foi encontrado na Rua da Bica Velha, no Porto.

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