Sociedade

ACAIS celebra 30 anos e anuncia ampliação do edifício

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A frase “Que a felicidade vire rotina”, visível à entrada do edifício, serve de mote e espelho à missão da ACAIS – Associação do Centro de Apoio aos Idosos Sanjoanenses, que há três décadas se dedica à prestação de cuidados a pessoas idosas, desempenhando um papel fundamental, como retaguarda de apoio a muitas famílias da cidade.
No passado dia 11 de abril, a ACAIS assinalou o seu 30.º aniversário, data que marca a formalização da constituição da instituição, ocorrida em 1993, por iniciativa de um grupo de cidadãos sanjoanenses, entre os quais o atual presidente da direção, Simplício Gomes de Pinho.
Para comemorar esta efeméride, a instituição promoveu, na última sexta-feira, uma cerimónia nas suas instalações, que contou com a presença de diversas entidades locais, representantes de instituições parceiras, colaboradores e utentes, e foi ainda anunciada a tão desejada ampliação do edifício II.ACAIS
“Nós temos já o projeto, mas ainda não temos candidatura para adaptar o edifício. Não o temos porque, até ao momento, as candidaturas possíveis são com fundamento de alargamento da resposta, e esse não é o nosso objetivo. Nós não queremos ter mais lugares, lutamos, sim, pela tão desejada qualidade, através deste espaço no terreno aqui ao lado”, refere a diretora técnica da instituição. Patrícia Coelho, em declarações a O Regional, acrescenta que o arranque da estrutura de alargamento está pendente de “uma candidatura, porque necessitamos do dinheiro para arrancar a obra, e, neste momento, é essa a nossa grande dificuldade”, não adiantando, por isso, qualquer previsão quanto ao início da obra.
Expandir o edifício II, proporcionando aos clientes desta instituição “mais qualidade de vida, criando um espaço físico, que permita mais e diversificadas atividades lúdicas, físicas e de lazer” é um sonho antigo do atual presidente, de 91 anos.

O novo edifício será um “alargamento do espaço”

O novo edifício foi apresentado como um “alargamento do espaço”, com o objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos seus utilizadores. O novo edifício permitirá que os residentes possam “circular ao ar livre em segurança”, beneficiando de um jardim exterior integrado na própria estrutura do edifício.
Este novo espaço disporá de várias salas destinadas à realização de atividades lúdicas e terapêuticas, um gabinete de fisioterapia, com equipamento especializado, e um ginásio, promovendo, assim, o bem-estar físico e emocional dos seus beneficiários.
O encontro ficou ainda marcada pelo reconhecimento público do trabalho desenvolvido ao longo de três décadas da IPSS, assim como uma oportunidade para reforçar o compromisso com a promoção do bem-estar e da qualidade de vida da população idosa.
Durante a cerimónia, o nome do presidente da direção fez parte de todas as intervenções, que reconheceram “a dedicação permanente de alguém que transformou os sonhos em realidade”, numa cidade que se destaca por um elevado número de pessoas envelhecidas.
Patrícia Coelho diz que “todas as palavras” de reconhecimento são sempre poucas, para descrever o papel que Simplício Pinho tem desempenhado, desde a fundação da ACAIS. “A cidade, e todos nós, devemos-lhe estes 30 anos”.

“A ACAIS acautela a dignidade das pessoas idosas”

Por seu turno, o presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira frisou que a cidade “orgulha-se” de ter uma Instituição particular de solidariedade social -IPSS como a ACAIS, que tem assegurado, ao longo destes 30 anos, a “qualidade de vida” a mais de uma centena de utentes, quer no apoio domiciliário, onde assegura o serviço a 95 pessoas “que vivem isoladas ou que não têm autonomia funcional, e a quem é prestado apoio ao nível da alimentação, da limpeza, da higiene e também do acompanhamento solidário”, quer no Centro Dia, que acompanha 30 utentes.
“A ACAIS acautela a dignidade das pessoas idosas que acompanha, e isso é fundamental numa sociedade que preserve a pessoa humana ao longo de toda a sua vida”, afirmou Jorge Vultos Sequeira. O autarca acrescentou que a Câmara Municipal e o Estado “não conseguem atender a todas as solicitações” e, nesse sentido, a ACAIS desempenha um papel “fundamental”.
Quanto à ampliação do edifício II, o autarca realçou que o terreno foi cedido pelo município, com o direito de superfície, de forma gratuita, para que a instituição possa construir o imóvel e, à semelhança do que acontece com outras instituições da cidade, “irá dar um apoio financeiro para a construção”, não avançando, pelo menos para já, o valor.
Também Jorge Vultos Sequeira destacou o papel “histórico” do presidente da instituição. “Uma personalidade muito relevante da nossa terra. Apesar dos seus 91 anos, ainda gere o dia a dia da instituição e está a preparar projetos para o futuro da ACAIS, que é muito bem gerida, sustentável financeiramente, e consegue gerir a sua atividade sem qualquer apoio do município”.
A diretora técnica fala orgulhosamente do trabalho que “toda a equipa” desenvolve no dia a dia, para proporcionar aos utentes a qualidade de vida que merecem. “Trata-se de uma casa de entrada e de saída, e as partidas são sempre a parte mais difícil de gerir, mas assumimos que é o habitual na nossa vida. Temos aqui pessoas que estão connosco muitos anos e outras que partem muito cedo”. Em dia de aniversário, disse que “os desafios e a exigência são cada vez maiores, porque S. João da Madeira tem cada vez mais idosos”, e que o segredo do sucesso passa por “gostar muito daquilo que se faz”.
Desde a sua fundação, a ACAIS tem vindo a desenvolver uma vasta gama de serviços e respostas sociais, adaptando-se às necessidades emergentes da comunidade, com foco na dignidade, na inclusão e na valorização da pessoa idosa.
ACAISAo longo de todos estes anos, esta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) cresceu e continuou sempre a prestar um serviço de ação social de qualidade e adequado à satisfação das necessidades dos sanjoanenses, com a abertura das respostas sociais de Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário.
No seio de uma população envelhecida, onde muitos vão perdendo as suas faculdades e outros vivem em situações de isolamento ou em relações de pouca entrega familiar, esta é uma casa que tem vindo a trabalhar no sentido de colmatar essa ausência, nota o presidente da IPSS. “A instituição veio proporcionar à população sénior mais carenciada do concelho mais apoio social que não existia”, afirmou, visivelmente emocionado. Simplício Gomes da Silva enalteceu ainda “todos aqueles que foram construindo aquilo que somos hoje presentes e também os ausentes, em especial aqueles que foram parte integrante dos órgãos sociais da ACAIS e que, entretanto, faleceram”, numa casa que é “passado, presente e futuro” na cidade.
O aniversário da instituição constituiu um momento de reconhecimento público do trabalho desenvolvido ao longo de três décadas, assim como uma oportunidade para reforçar o compromisso com a promoção do bem-estar e da qualidade de vida da população idosa.
O presidente da IPSS recordou a sua luta “desde a sua fundação”, na prestação de cuidados “que satisfaçam as necessidades dos nossos utentes, ajudando a prevenir situações de dependência e promover a autonomia. Ajudar a pessoa idosa, mantendo-a no seu meio habitual de vida. Contribuir como retaguarda das famílias”.
Simplício Gomes de Pinho não escondeu a satisfação de poder apagar as velas de aniversário de mais um ano da instituição. Reforçou aquilo que tem dito em aniversários anteriores, lembrando o lema da atual direção, que é de “tudo fazer” para procurar assegurar sempre uma gestão criteriosa, de modo a tornar possível que esta Instituição cumpra o seu papel, quer com os utentes, quer para a comunidade em que se insere, e ao serviço dos que existem.
Recorde-se que o nome de Simplício Silva está ligado a esta instituição desde a sua fundação. Inicialmente, como Presidente da Comissão Instaladora, exerceu vários mandatos, quer no executivo, quer nos órgãos deliberativos.

“Vida com sentido” no Centro de Dia da ACAIS
Maria Ema e Ana Maria Gama duas utentes da instituição

Maria Ema Santos tem 89 anos, é uma das utentes do Centro de Dia da ACAIS. A decisão de procurar apoio institucional surgiu no rescaldo da pandemia de Covid-19. “Tudo mudou desde essa altura. Estava sozinha e senti que estava na altura de vir para este edificio, apesar de, há muito, ser acompanhada, mas em casa. Aqui sinto-me naturalmente segura”, afirma.
Apesar da mudança, Maria Ema não esconde a saudade de estar “todo o dia” em casa. “A nossa casa é sempre a nossa casa, e é lá que nos sentimos melhor. Mas temos de aceitar as nossas limitações e perceber o que é melhor para nós nesta fase da vida”, realçou a O Regional.
No Centro de Dia, a rotina de Maria Ema está longe de ser monótona. Gosta de ler, pintar, desenhar, jogar e participar nas sessões de ginástica. “Sempre que posso, vou lá fora respirar ar puro e observar a natureza, porque a vida aqui também faz sentido. É a forma que encontro de manter o espírito leve e a mente ativa.” Sorri com facilidade. Gosta de conversar e reflete com alguma preocupação sobre o estado da saúde mental na sociedade atual. “Preocupa-me ver tantas pessoas novas afetadas por doenças mentais. Eu verifico isso aqui dentro.”
A mesma opinião é partilhada por Ana Maria Gama, 79 anos. “A nossa casa é sempre melhor, claro, mas aqui sou muito acarinhada. Sinto-me bem tratada e respeitada. E isso faz toda a diferença”, refere a antiga enfermeira do Hospital de S. João da Madeira.
Ana Maria destaca a importância do ambiente humano e do “estímulo constante e permanente” para manter a qualidade de vida. “Felizmente, aqui há sempre algo a acontecer: atividades, conversas. O importante é sentir que continuamos a fazer parte de alguma coisa”, assume.
Com uma carreira de décadas dedicada à saúde, não deixa de lançar um olhar crítico sobre o panorama atual. “Hoje fala-se mais de saúde mental, o que é positivo. Mas nota-se muito isolamento, mesmo em ambientes familiares. Faltam tempo, paciência e afeto — coisas simples que, na verdade, são essenciais.” Na ACAIS, o tempo, a escuta e a atenção fazem a diferença no dia a dia de quem lá está, garante.

 

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