Sociedade

“A rádio é um remédio para muitas pessoas”

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No dia Mundial da Rádio fomos ouvir histórias de sanjoanenses que têm a telefonia como companhia, e os locutores a quem chamam uma “espécie” de segunda família.

Todos os dias, há horas de emissões dedicadas às escolhas de quem ouve. Os programas de “Discos Pedidos” mantêm a magia de outros tempos e continuam a ser os preferidos das rádios regionais. Otília Valente Fernandes assume-se uma pessoa verdadeiramente “dependente da rádio. Ouvir rádio faz parte da minha vida”, revela esta sanjoanense de 77 anos.
O som da música ouve-se na cozinha. O pequeno aparelho está sintonizado na Rádio Clube da Feira, pois é hora de Otília tentar a sua sorte para conseguir pedir a música da sua preferência. “Nem sempre é fácil conseguir linha. Gosto dos locutores, de ouvir as dedicatórias e da música portuguesa” um ritual que garante ter muitos anos.
Esta sanjoanense assume não ser fiel a uma só rádio. Cruza-se com outros ouvintes nas mesmas frequências explica a ‘ O Regional’. Apesar de se considerar uma pessoa ativa e de participar em várias atividades da Associação “É Bom viver”, a rádio faz parte da sua vida, e não dispensa a sua companhia desde as primeiras horas do dia. “É uma terapia que não se explica”, além de se manter atualizada relativamente aquilo que se passa na região e no país.
Para si, os jornais e a televisão têm uma elevada importância na vida das pessoas, mas a rádio  marca a diferença. “A rádio não nos obriga a parar. Podemos trabalhar, caminhar e vai connosco para todo o lado”. Os clássicos de sempre, as canções que guardamos na memória e, principalmente, a música portuguesa fazem parte da lista de preferências de Otília, que diz ter muitas saudades de ouvir a Rádio Regional Sanjoanense, que agora a frequência pertence à rádio Observador. “Tinha música muito boa, locutores simpáticos”. Agora resta-lhe na sua cidade a rádio Informédia que também lhe faz companhia.
“Por vezes sinto a necessidade de desabafar com os locutores”

Maria Pinho é dona de casa e tem a telefonia como companhia. Os ouvintes e os locutores são para esta sanjoanense uma autêntica segunda família. “Deito-me e acordo com o rádio ligado. Canto, choro e até falo sozinha e, por vezes, sinto necessidade de desabafar com os locutores”, enfatiza.
Marco Paulo e o José Malhoa são os seus artistas preferidos. A sua rádio de eleição é a Festival, no Porto. “Passam música portuguesa todo o dia e os locutores são uma maravilha”.
Aos 68 anos conta que “dificilmente” liga a televisão. “Repetem sempre as mesmas coisas. Só mostram tragédia”, considerando, por isso, que a “rádio é um remédio para muitas pessoas”, e que já não consegue viver sem ela. “Só não oiço mesmo quando não posso” e as tardes são muitas vezes passadas sentada no sofá a ouvir os discos pedidos. “Participo sempre que posso”, adiantando que também é necessário uma “boa dose de paciência” para conseguir linha disponível para entrar no programa.
Maria explica que este aparelho “mágico” se revelou ainda mais importante e imprescindível durante a pandemia. “Os locutores estavam em casa a fazer rádio e nunca nos abandonaram”. Não partilha da ideia de que são mais as pessoas de mais idade que ouvem rádio. “É errado pensar dessa forma. Ligam para os discos pedidos pessoas de todas as idades. Desde os que estão a trabalhar em fábricas, domésticas, escritórios e até camionistas”, enfatiza.

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