Sociedade

“A cidade recebe muita gente”

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Sardinhas, caldo verde, farturas e pipocas são algumas das muitas iguarias de São João que não faltaram na cidade para quem quis usufruir da folia desta festa popular.

O número de tendas e barraquinhas das Festas de São João, aliado à vertente de entretenimento e de espetáculos no Jardim Municipal, marcaram mais uma vez esta festa popular de grande impacto no concelho sanjoanense. A comunidade saiu à rua e divertiu-se ao longo de vários dias, com acesso a refeições próprias da época festiva e, como não podia deixar de ser, com os doces tradicionais das festas populares.
Há mais de 10 anos que António Santos, das Farturas Santos, participa ativamente no São João da cidade. “Quando começamos no negócio das farturas, tínhamos a agenda preenchida, à exceção do São João. Tinha familiares que faziam as festas em São João da Madeira, informei-me e, desde então, cá estamos”, contou o comerciante, em entrevista ao jornal “O Regional”. O local onde estão é o mesmo de há cerca de 17 anos, situado numa das entradas principais que dá acesso ao Jardim Municipal. “O único lugar disponível na altura era exatamente este. Há uma energia diferente por aqui… Adoro São João da Madeira. Sinto-me em casa; não há diferença entre estar em Arrifana, vizinha deste concelho, e estar aqui”, considerou António Santos.
Independentemente da localização das Farturas Santos, o comerciante tem consciência do carinho das pessoas da terra e, por conseguinte, dos seus clientes, que procuram estas iguarias nestas alturas específicas do ano. “Fazemos sempre o mesmo circuito das festas, pelo que as pessoas já estão habituadas a encontrar-nos. Aqui, em São João, sentimo-nos acarinhados”, admitiu. “Quando fazemos as coisas, fazemo-lo porque gostamos”, reforçou. Na perspetiva de António Santos, as festas de São João na cidade têm crescido gradualmente. “Houve uma altura em que sentia que, a partir da meia-noite, as pessoas iam embora, talvez para ir para o Porto ou para outras zonas em festa. Nos últimos anos, já não sinto isso; as pessoas ficam mais tempo e os programas da cidade são convidativos para tal”, opinou.
Mencionou, ainda, que São João da Madeira já o habitou a ter “bons programas” festivos. “Para nós, é ótimo. As pessoas divertem-se e ficam, até porque é esse o nosso objetivo”, descreveu. “As Festas de São João têm uma organização impecável e é por isso que corre tudo bem. Não é em todo o lado que temos estas condições”, observou. As condições de trabalho são importantes para o gerente das Farturas Santos, até porque já está na cidade desde finais de maio, inícios de junho. “Espero fazer esta festa muitos anos. Não tenho intenções de desistir de maneira alguma”, garantiu.

As pipocas quentes são sempre procuradas. No entanto, o comerciante André Machado notou um decréscimo no fluxo de pessoas às festas

Em outra das entradas que dão acesso ao Jardim Municipal, André Machado e a família também trabalham ativamente nas festas de São João há cerca de seis anos. Entre outros doces, vendem pipocas e pirulitos. “Julgo que o fluxo de pessoas diminuiu. O movimento é cada vez mais fraquinho; as pessoas já não têm tanto dinheiro para gastar”, considerou André Machado. “Apesar disso, a programação das festas vai atraindo as pessoas a visitarem-nos”, completou. O comerciante considerou que as pessoas andaram animadas ao longo das Festas de São João, principalmente na noite de 23 para 24. “Sejam mais jovens ou mais velhos, as festas acolhem um misto de faixas etárias”, afirmou. “No meu negócio em si, é igual”, comparou.

“Nestas festas, São João da Madeira tem uma identidade muito própria”

Foi o primeiro ano de David Loureiro, da ‘Roulote Bar do Cenoura’, nas Festas de São João. “Escolhi este município porque frequento imenso esta cidade; aliás, o meu filho mais velho fez a formação toda aqui”, partilhou. “É uma zona que gosto muito e surgiu esta oportunidade de vir cá este ano”, concluiu. Não teve dúvidas de que ia “ser bem recebido” pela comunidade sanjoanense e as expectativas foram superadas. “Trabalhamos muito bem. Senti-me em casa”, enfatizou. Natural do Porto, onde as festas populares com maior dimensão se concentram, David Loureiro admitiu que nunca comemorou o São João na cidade portuense e que já participou em algumas festas, enquanto visitante, na cidade sanjoanense. “Sempre tive uma ideia muito própria em relação ao São João daqui. A cidade recebe muita gente, até porque as pessoas são acolhedoras e fazem a festa”, descreveu. “Nestas festas, São João da Madeira tem uma identidade muito própria”, reforçou.

Apesar de ser natural do Porto, o comerciante David Loureiro já festejou algumas vezes o São João na cidade sanjoanense. Nunca o fez na sua terra natal

À semelhança de António Santos, David Loureiro também elogiou a organização da festa, assim como a programação. “A ideia que tenho, do que conheço deste São João, é que se coloca sempre um bom artista no último dia da festa. Acho que isso já é uma tradição de São João; é a ideia que passa”, notou, sorrindo. Em relação a outras romarias, o comerciante fez um balanço positivo das Festas de São João. “Com a quantidade de oferta desta festa, desde comida até ao entretenimento, falamos de uma mais-valia para quem nos visita, para os próprios comerciantes e até para os moradores”, declarou.

“Uma festa sem farturas e carrosséis não é festa”

Uma festa sem brinquedos não é a mesma. Que o diga Rita Cardoso que, juntamente com o marido, gere há sete anos a pista infantil, para deleite dos mais pequenos. “Há 30 anos que a família do meu marido gere outras diversões aqui da festa. Já é do tempo dos avós”, contextualizou. “Temos os carrinhos infantis e, do outro lado, a caravela dos piratas; é única em Portugal. Já é o segundo ano consecutivo que faz parte das Festas de São João”, enfatizou. O sogro de Rita Cardoso teve na festa o carrossel tradicional dos cavalos, a prata da casa pela sua antiguidade, e o seu cunhado teve à disposição da comunidade um brinquedo em formato de lagarta, também pelo segundo ano consecutivo.

A comerciante Rita Cardoso participa há alguns anos nas Festas de São João. Os brinquedos que a sua família gere satisfazem as vontades dos mais pequenos

A família é grande e a oferta de entretenimento também. “Temos consciência da situação económica das pessoas. É o público infantil quem mais nos procura”, referiu Rita Cardoso. “É engraçado porque, na hora em que tínhamos que dar a noite por encerrada, notou-se que as pessoas queriam ficar até mais tarde”, detalhou.
Tendo em mente que a diversão das Festas de São João existe um pouco por todo o país, Rita Cardoso observou que a programação cultural é importante para atrair visitantes ao concelho. “Por consequência, ficam até mais tarde na festa e há outro tipo de consumo, seja em alimentação, seja em diversão”, declarou.
Todos os anos, o feedback acaba por ser positivo. Como a vida de comerciante “não é fácil”, Rita Cardoso mostrou-se satisfeita por terem condições de trabalho adequadas e feliz por serem, sempre, bem recebidos no concelho sanjoanense. “São João da Madeira não seria o mesmo sem brinquedos nesta altura. Uma festa sem farturas e carrosséis não é festa”, considerou, entre risos.

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